sábado, 31 de agosto de 2024

COMENTÁRIO LITÚRGICO - 22 DOMINGO COMUM - 31.08.2024

 

COMENTÁRIO LITÚRGICO – 22º DOMINGO COMUM – RELIGIÃO DE APARÊNCIAS – 31.08.2024


Caros Confrades,


O tema da liturgia deste 22º domingo comum se expressa bem no refrão do cântico da comunhão, sugerido para a missa de hoje: o mal que sai de nós e vem do coração impuros, sim, nos faz. Essa mensagem nos convida a refletir sobre a qualidade da nossa prática religiosa. Temos atitudes coerentes com o que afirmamos de boca ou praticamos uma religião puramente exterior, de fachada, como faziam os fariseus no tempo de Jesus? A nossa fé está integrada na nossa vida ou praticamos a vida dupla: na igreja somos orantes, fora dela somos maledicentes? O espírito farisaico, criticado por Jesus naquele tempo, ronda permanentemente os templos e as vidas dos crentes, hoje como foi também no passado.


A primeira leitura litúrgica é retirada do livro do Deuteronômio (4, 1). Antes, só uma breve informação histórica sobre esse livro do Deuteronômio. Literalmente, esse título significa em grego “segunda lei”, mas não é outra lei diferente daquela de Moisés, apenas uma nova “versão”, a lei mosaica com outras palavras. Por isso, o nome hebraico deste livro é Devarim e significa “palavras”. O papiro com esse manuscrito foi encontrado casualmente por pedreiros que faziam uma reforma no altar do templo de Jerusalém. Era um rolo muito antigo, que estava enterrado sob a pedra do altar. Ao lê-lo, os escribas verificaram que se tratava de uma espécie de “repetição” ou adaptação dos discursos de Moisés, contendo muitas orientações práticas sobre a vida do povo, tendo sido escrito em data posterior, provavelmente, quando os israelitas já estavam bem próximo de adentrarem a terra prometida, ou seja, no final da vida de Moisés. Assim se entende porque o livro carrega esses dois nomes: deuteronômio (segunda lei, repetição da lei) e devarim (palavras, costumes da sociedade hebraica). Sempre devemos ter em mente que, naquela época em que não havia separação entre estado e religião e que as autoridades religiosas e estatais eram as mesmas, era perfeitamente comum que as normas sociais e estatais se confundissem com preceitos religiosos. Isto era assim não apenas entre os hebreus, mas entre todas as sociedades primitivas. Quem tiver interesse em ler mais aprofundadamente sobre esse assunto, sugiro a leitura do livro “A Cidade Antiga”, da autoria de Fustel de Coulanges.


Pois bem, passando ao texto do Deuteronômio, Moisés fala ao povo sobre as leis e decretos dados por Javeh aos seus ancestrais, lembrando a eles a exigência da fidelidade a essas normas, como uma maneira de demonstrar sabedoria diante dos povos vizinhos, porque nenhum dos deuses dos outros povos tinha este mesmo cuidado com os seus devotos do que o Deus de Abraão. Diz o vers. 6: “Vós os guardareis, pois, e os poreis em prática, porque neles está vossa sabedoria e inteligência perante os povos, para que, ouvindo todas estas leis, digam: 'Na verdade, é sábia e inteligente esta grande nação! ” Os fariseus gostavam muito do Deuteronômio, porque havia nele uma grande diversidade de preceitos, dos quais eles faziam uma espécie de tabela e com ela ensinavam o povo. Além disso, servia também para fiscalizar se os demais hebreus a estavam observando.


Segundo os estudiosos, os fariseus fizeram uma aplicação da Lei Mosaica através de 613 preceitos, destes, 365 eram proibitivos, fazendo uma exposição analítica das normas antigas. Eram esses preceitos que determinavam assuntos básicos de saúde pública, como, por exemplo, lavar as mãos antes das refeições, tomar banho quando chegavam da praça pública, jejuar nos dias estabelecidos, dar esmolas, etc. Para facilitar a memorização, havia uma espécie de tabela com especificações bem detalhadas. Pois bem, A questão que Jesus lançou contra eles, desafiando-os, não era pelo conteúdo das normas, mas porque dentro do excessivo formalismo deles, bastava cumprir aquilo rigorosamente para tornar-se um bom crente, quem não os cumpria estava desobedecendo a lei. Desse modo, por exemplo, se a norma mandava que, no dia de jejum, o máximo que alguém podia ingerir por dia era, por exemplo, 500g de alimento, então era preciso pesar na balança as refeições para não passar dessa cota, sob pena de descumprir o preceito. Ou seja, a sua preocupação era exageradamente formal em relação aos detalhes exteriores, no entanto, não se preocupavam com o interior, com o coração, isto é, intimamente eles podiam ser desonestos, maledicentes, exploradores, caluniadores, injustos, porque essas atitudes interiores não contavam, mas somente o que eles faziam externamente. Na verdade, a concepção religiosa deles era uma religião de fachada, de aparências.


Esta leitura do Deuteronômio tem, pois, conexão direta com o evangelho de Marcos, que narra mais uma das altercações entre Jesus e os fariseus, estes sempre tentando apanhá-lo em algum deslize. Viram que os discípulos de Jesus não lavaram as mãos antes de iniciarem a refeição e então eles foram interpelar Jesus, perguntando 'por que os discípulos dele não cumpriam a lei de Moisés' ? Jesus lançou-lhes em rosto o texto de Isaías: “Bem que Isaías falou a respeito de vocês: este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos'. Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens' ” (Mc 7, 6). Os fariseus argumentavam que aquela era uma tradição dos antigos, fazendo referência não exatamente à lei de Moisés, mas aos costumes dos ancestrais, por isso Jesus os censurou porque deixaram de lado a verdadeira Lei divina e ampararam-se nas tradições humanas. Daí que Jesus disse: vocês não entenderam nada, não é nada disso, porque se importam muito com o exterior, mas no seu íntimo os seus pensamentos não são coerentes com as suas atitudes. Trazendo para os dias atuais, meus amigos, essa atitude hipócrita dos fariseus ainda pode ser encontrada nos cristãos que se benzem quando passam diante do templo, mas viram o rosto para não oferecerem ajuda a um irmão necessitado, que está sentado na porta da igreja. De que adianta apresentar exteriormente um comportamento correto, quando o interior é vazio? De que adianta andar com o terço na mão, o escapulário pendurado no pescoço, a Bíblia embaixo do braço e, ao mesmo tempo, ter a mente ocupada com frivolidades, o coração cheio de más intenções? Daí o veredito de Cristo, invocando a lamentação de Isaías: esse povo me honra só com os lábios, mas o coração deles tem outro dono. E completou: o que torna impura a pessoa não é o que entra nela vindo de fora, mas o que sai dela vindo do seu interior. O alimento ingerido sem lavar as mãos pode até, eventualmente, causar algum dano à saúde, mas pior do que isso é a maldade que sai distilada em palavras e atitudes, que causam danos mais desastrosos à felicidade das outras pessoas. E isso é o que realmente importa.


Portanto, Cristo está nos ensinando que a verdadeira religião é a que se pratica ao nível do coração, do entendimento, da intencionalidade e que se expressa em atos de caridade. Ter um comportamento contrito e piedoso quando está dentro do templo não é suficiente, se ao sair de lá essa contrição e essa piedade não se revelarem no relacionamento com os irmãos. Não se quer dizer que a oração, a piedade não são boas coisas, de modo nenhum, são ótimas atitudes. O erro está no descompasso, na incoerência entre o interior e o exterior. O nosso agir deve ser uma expressão concreta do nosso pensar, bem como a recíproca atitude. Por diversas vezes, Jesus brandiu contra os fariseus por causa disso. Por exemplo: quando jejuardes, não precisa por cinzas na cabeça e andar com roupa esfarrapada para que os outros vejam, porque o Pai do céu sabe do que se passa no vosso coração; quando derdes esmolas, fazei-o de forma reservada e não alardeando publicamente (nos dias de hoje, tirando “selfie”), de modo que não saiba a tua mão direita o que faz a tua esquerda. A verdadeira religião, a verdadeira fé é a que começa no pensamento, no coração e se traduz em atitudes relacionadas.


E agora uma breve mensagem sobre a segunda leitura, retirada da carta de São Tiago (1, 17), que reforça essa mensagem com seu conselho aos judeus da diáspora: “sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Com efeito, a religião pura e sem mancha diante de Deus Pai, é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações. ” Quem não pratica a mesma religião que ensina aos outros está se enganando a si próprio, como se diz na linguagem de hoje, é uma 'fake news', tem só a aparência boa, é armadilha com o intuito de ludibriar os incautos. A verdadeira religião é a que se revela nas obras de caridade, como fruto do amor ao próximo. A referência aos órfãos e viúvas reflete uma realidade daquele tempo e hoje deve ser entendida como “os irmãos necessitados”, começando com aqueles que estão mais próximos de nós. De forma direta ou indireta, através de entidades e associações que prestam esse tipo de serviço, a sociedade de hoje, talvez mais do que no tempo do apóstolo Tiago, necessita desse nosso exemplo de solidariedade.


Que as nossas atitudes religiosas exteriores sejam de fato a representação do nosso interior, do nosso coração, da nossa fé.


Com um cordial abraço a todos.

Antonio Carlos

sábado, 24 de agosto de 2024

COMENTÁRIO LITÚRGICO - 21 DOMINGO COMUM - 25.08.2024

 

COMENTÁRIO LITÚRGICO – 21º DOMINGO COMUM – DUREZA DO DISCURSO – 25.08.2024


Caros Confrades,


As leituras litúrgicas deste 21º domingo comum nos convidam a refletir sobre a nossa vivência na fidelidade à palavra de Deus. No Antigo Testamento, Josué, ainda no deserto, reuniu o povo, que teimava em adorar as divindades pagãs, e lhes dá um ultimato: escolham a qual Deus ireis servir, pois somente os adoradores de Javeh terão acesso à terra da promessa. E Jesus, tempos depois, coloca também para os discípulos o mesmo desafio, quando eles reclamam que a palavra dele é muito dura: o que foi que houve? isso vos escandaliza? Pois procurem outro rumo, só quero comigo, quem tiver coragem de ser assim. E foi então que Pedro respondeu pelos demais: calma, Mestre, só tu tens palavra da vida.


Na primeira leitura, do livro de Josué (cap. 24), ele que assumiu como sucessor de Moisés na condução do povo hebreu à terra prometida, verificando a contínua presença da idolatria entre os israelitas, convoca todos para uma grande assembleia e lhes põe a questão: a qual Deus ou deuses vocês irão adorar? “Se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses a quem vossos pais serviram na Mesopotâmia, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais.” Os amorreus eram o povo que habitava a terra de Canaã, quando o povo de Israel ali chegou, depois da marcha de quarenta anos pelo deserto. Essas tribos eram descendentes de Caim e, portanto, tinham parentesco de sangue, embora longínquo, com o povo de Israel, mas já não tinham fidelidade a Javeh e adoravam seus próprios ídolos. Por isso, Josué fez a pergunta e completou: “Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor”. Em resposta, o povo jurou mais uma vez fidelidade a Javeh: “nós também serviremos ao Senhor, porque ele é o nosso Deus.” A convocação de Josué tinha então o caráter de opção definitiva, isto é, estavam chegando ao destino final de sua peregrinação, ali iriam se estabelecer e assim quem permanecesse fiel à promessa receberia a recompensa, quem desistisse, arcaria com as consequências da sua opção pelos ídolos. O povo então renovou a promessa a Javeh.


Uma situação análoga é vivenciada por Cristo diante dos seus discípulos, logo após o milagre da multiplicação dos pães, nas proximidades de Cafarnaum. Para melhor compreensão do discurso de Cristo na leitura de hoje, precisamos ler as frases anteriores, no evangelho de João. No dia anterior, Jesus havia feito aquele extraordinário milagre da multiplicação dos pães. No dia seguinte, uma multidão se apresentou para ouvir Jesus. Notando aquele invulgar incremento dos seus ouvintes, Jesus ficou curioso e perguntou: “viestes à minha procura para me ouvir ou para comer novamente aquele pãozinho? Porque eu sou o verdadeiro pão do céu.” Então, eles pediram a Jesus um sinal, para que acreditassem n'Ele, assim como Moisés havia dado aos seus ancestrais o maná do deserto. Foi quando Jesus explicou: não foi Moisés quem deu a eles aquele pão (o maná), mas o meu Pai. E agora, ele me mandou, eu sou o pão vivo que ele mandou para vós. Os vossos pais comeram o maná no deserto e morreram, mas quem comer deste Pão não morrerá. O pão que Eu vos darei é a minha carne para a vida do mundo. O povo não entendeu, pois muitos achavam que Jesus estava ali para liderar uma revolta, para expulsar os romanos da Palestina, e ficaram balançando a cabeça, murmurando que Jesus devia estar louco. Como é que alguém pode dar a sua carne para outros comerem? Sabendo o que eles pensavam, Jesus completou: Em verdade vos digo, quem não comer a minha carne e beber o meu sangue não terá a vida. Pronto, isso agora foi demais, ficou louco mesmo... Muitos dos que ouviram isso ficaram decepcionados, balançaram a cabeça, deram meia volta e começaram a se retirar.


Nesta situação embaraçosa, os discípulos ficaram preocupados se Jesus estava mesmo certo do que falava e disseram: este teu discurso é muito “duro”, Mestre, quem será capaz de ouvi-lo? A palavra grega que foi traduzida por “duro” é “sklirós”, que tem o sentido de algo áspero, rígido, inflexível. É como se dissessem: a tua palavra causa um choque na gente, como é que alguém pode dar seu corpo para os outros comerem? Isso é impossível. Ao que Jesus respondeu: ah, isso vos escandaliza? Pois outras coisas mais duras haverão de acontecer. E vendo que alguns dos ouvintes começaram a dispersar-se, Jesus intimidou os seus doze escolhidos: vocês também querem ir embora? Eu sei que alguns dentre vocês não acreditam nisso. Foi quando Pedro, inspirado, acalmou a situação: calma, Senhor, não é isso, a quem iremos? Só tu tens palavra da vida eterna. Nesse diálogo, João evangelista deixa transparecer duas situações ocultas. Primeiro, Jesus sabia que muitos o procuravam com a esperança de que ele fosse um Messias político, guerreiro, e Ele quis deixar claro que sua missão era outra, o seu reino era de outra natureza. Segundo, ele sabia que mesmo entre os doze havia alguns inseguros e até reticentes na fé.


Observamos uma clara analogia nesse diálogo de Jesus e seus discípulos com a situação vivenciada por Josué e o povo hebreu: resolvam agora, pegar ou largar. Jesus colocou para os discípulos a mesma opção que Josué colocou para o povo de Israel. E tal como no caso dos israelitas, que optaram por Javeh, também os doze renovaram sua opção pela missão de Cristo, cumpridor da vontade do Pai. Inclusive Judas, que resolveu ficar até a última hora, para ver o rumo que as coisas tomariam posteriormente. João diz textualmente no versículo 71 deste capítulo 6, que Jesus fez essa pergunta assim bem direta referindo-se a Judas. Mas não apenas ele. Além de Judas, Jesus sabia que havia outros discípulos fracos na fé, Ele sabia os que criam de fato e os que tinham dúvidas. Foi por isso que, após a ressurreição, Jesus passou ainda 'quarenta dias' na sua catequese final com os discípulos, preparando a vinda do Paráclito. Mesmo depois de ter concluído sua missão encarnada e ter-se imolado na cruz, Jesus continuou a preparar os discípulos para a sua missão futura, pois Ele sabia o material humano de que dispunha e sabia que, sem essa catequese residual, havia grande risco de dispersão, tal como acontecera com aqueles que, no relato de João, debandaram diante do seu duro discurso.


Na segunda leitura, da carta de Paulo aos Efésios (5, 21-32), o Apóstolo aconselha os casais cristãos a se comportarem com dignidade, respeitando-se mutuamente, amando-se reciprocamente, assim como Cristo ama a sua Igreja. Daqui Paulo evolui para a sua doutrina do corpo místico de Cristo. A linguagem paulina não é mais aplicável aos tempos atuais, na relação entre maridos e esposas, porque reflete a situação social da época em que ele viveu, por isso não pode ser interpretada em sentido literal. Paulo diz que as mulheres devem “ser submissas” aos maridos, porque o marido é a cabeça da mulher. Assim era a compreensão da união conjugal na cultura grego-romana, que se transferiu para o direito civil e perdurou até as últimas décadas. Porém, pelo menos dos anos oitenta para cá, no Brasil, essa mentalidade deixou de ser aceita tanto no campo social quanto no campo jurídico, terminou essa ideia da submissão. Esse ponto de vista ainda se observa residualmente na cultura machista que marca a nossa tradição nordestina e é defendida pelos católicos tradicionalistas. Por essa razão é que muitas pessoas não cristãs dizem que a Bíblia está cheia de erros e, por não terem interesse de compreender o verdadeiro significado do livro sagrado, preferem desdenhar dele. Mas é também por isso que nós, crentes em Cristo, não podemos ler e aplicar os textos bíblicos de modo fundamentalista, literal, mas precisamos dar a interpretação adequada à mensagem ali contida. No caso, a mensagem é a do amor conjugal, como se encontra sintetizada na conclusão de Paulo: “Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne. Este mistério é grande, e eu o interpreto em relação a Cristo e à Igreja. ” (Ef 5, 31-32) Na época em que Paulo viveu, o amor entre os cônjuges era entendido como a submissão da esposa ao marido, porque as mulheres daquele tempo não estudavam, viviam apenas para o lar, não tinham conhecimentos outros do mundo social e profissional, eram como crianças grandes. Por isso, elas precisavam ser tuteladas pelos maridos. Assim era na Grécia e em Roma, como de resto, em toda a Europa, as mulheres nunca alcançavam a plena maioridade, elas deviam estar sempre sob a tutela de um homem, mesmo que elas fossem mais idosas do que este (por exemplo, um filho, um sobrinho, até um neto). As mulheres não tinham condições de governar-se, de administrar a própria vida de modo independente. Então, na mensagem de Paulo que deve ser trazida para os tempos atuais, em que as mulheres se encontram em posição de igualdade com os homens, deve prevalecer a ideia do amor mútuo, do respeito recíproco, da solicitude, da tolerância, da ajuda, da caridade plena, que se encontra simbolizada no conceito do amor-ágape, o amor-comunhão. Ao ler o texto paulino, devemos mentalmente fazer a transposição adequada dos conceitos, para que possamos compreender o recado que ele quer nos transmitir.


Com um cordial abraço a todos.

Antonio Carlos

sábado, 17 de agosto de 2024

COMENTÁRIO LITÚRGICO - ASSUNÇÃO DE MARIA - 18.08.2024

 

COMENTÁRIO LITÚRGICO - 20º DOMINGO COMUM – FESTA DA ASSUNÇÃO DE MARIA – 18.08.2024


Caros Confrades,


Neste 20º domingo comum, a memória litúrgica celebra, no Brasil, a festa da Assunção de Maria, uma verdade de fé proclamada pelo Papa Pio XII, em 1950, a última proclamação dogmática feita por um Papa. Desde então, observa-se uma grande cautela dos Pontífices em relação a tais proclamações de caráter universal e perpétuo, muito ao gosto da cultura medieval, quando prevalecia aquela visão triunfalista da Igreja. Não fazia muito tempo que fora aprovado o dogma da “infalibilidade papal”, fato que ocasionou grande desgaste para a Igreja Católica, sobretudo na Europa. O Papa Pio XII, quando teve de fazer a declaração do dogma da Assunção de Maria, segundo ouvi de um sacerdote que estudou em Roma, ficou muito relutante se devia ou não fazê-la, porque o fato não tem base na Bíblia, mas apenas na tradição.


É, na verdade, uma tradição muito forte. Não apenas na Igreja Católica Romana, mas também no catolicismo ortodoxo das Igrejas Orientais, onde não foi definida como dogma, a assunção de Maria é celebrada desde os primeiros séculos, mesmo antes de Roma. Foi naquelas Igrejas que se iniciou, por volta dos séculos III e IV, a celebração da “dormição” de Maria, baseada em escritos antigos que circulavam naquelas comunidades, nos quais se afirmava que Maria não havia morrido, mas apenas adormecera e então foi levada ao céu pelos anjos. Oficialmente, a Igreja Católica interpreta a narração apocalíptica do capítulo 12, que descreve o aparecimento de um grande sinal no céu, com uma mulher vestida do sol, pisando sobre a lua e coroada com doze estrelas como sendo a figura de Maria. Mas no Oriente, há escritos muito antigos, como o “Liber Requei Mariae” (livro do descanso de Maria), do século III, que afirma que Maria não morreu, apenas descansou. E uma outro escrito, este do século V, intitulado “De transitu Mariae” (sobre o trânsito de Maria), que reforça a mesma afirmação. Estes dois são escritos anônimos, ou pelo menos cuja autoria não tem comprovação. Mas no século VI, o teólogo São João Damasceno defendeu essa doutrina, estendendo-a para outros países da Europa. Foi com base nesses textos que o Papa Pio XII decidiu fazer a proclamação. A teologia ensina que a morte é consequência do pecado. Se Maria foi concebida sem pecado, então a morte não sobreveio a ela.


A tradição do catolicismo oriental afirma que Maria teve morte natural e, ao terceiro dia, como aconteceu a Jesus Cristo, ela teve seu corpo elevado ao céu pelos anjos, nisto diferenciando-se de Jesus. Porém, a declaração papal não fez afirmação taxativa sobre a morte ou não morte de Maria, isto é, proclamou a assunção de Maria em corpo e alma ao céu, sem se pronunciar sobre o detalhe se ela havia morrido ou apenas dormido ou descansado, conforme consta nos escritos anônimos dos primeiros séculos. Essa omissão proposital é uma atitude de prudência, para que os eventuais adversários da proclamação não viessem a contraditá-la por haver-se baseado em escritos apócritos. Por isso, além da referência ao capítulo 12 do Apocalipse, a doutrina também referencia a carta de Paulo aos Coríntios (1Cor 15, 22-23): “Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. ” A Igreja entende que, logo depois da entrada gloriosa no céu de Cristo ressuscitado, foi a vez de Maria, pela sua condição de imaculada mãe de Deus. Na verdade, a definição dogmática da assunção de Maria é uma consequência lógica de outra definição dogmática conciliar, publicada no Concílio de Éfeso, em 431, que proclamou Maria como Mãe de Deus, desfazendo uma antiga heresia, segundo a qual Maria era mãe apenas de Cristo homem, mas não de Cristo Deus, porque Deus não pode ter mãe.


Sobre as leituras litúrgicas da festa de hoje, já nos referimos acima à primeira, retirada do Apocalipse (12, 1), que fala do grande sinal (signum magnum) visto por João no céu. Era uma mulher grávida e, ao seu lado, um enorme dragão esperando que ela despachasse a criança, a fim de devorá-la. Essa imagem é emblemática nos arquétipos teológicos de todos os tempos, como uma referência clara e explícita aos embustes demoníacos contra a Igreja. Mesmo sem termos em mente qualquer anjo do mal, como criatura espiritual, podemos enxergar esses “agentes demoníacos” no interior de alguns setores burocráticos da própria Igreja. Quem não se recorda dos asquerosos “corvos do Vaticano”, que tanto atormentaram o Papa Bento XVI, forçando a sua renúncia. Foram eles mesmos que dominaram o Papa João Paulo II, nos últimos anos de sua vida, período em que ele esteve muito debilitado e senil em consequência da doença de Alzheimer, produzindo documentos em nome do Papa e com a sua autoridade, com fortes evidências de que o Papa não sabia mesmo do que estava acontecendo. Dizem que, quando Napoleão Bonaparte assumiu o trono da França, logo depois da Revolução Francesa, teria colocado como um dos objetivos do seu governo a destruição da Igreja Católica. Sabendo disso, o arcebispo de Paris esteve conversando com o Imperador francês e teria revidado assim: desista do seu projeto de destruição da Igreja, porque os próprios padres já tentaram e não conseguiram. E olhando para os tempos atuais, observando o enorme carisma do Papa Francisco, admirado e exaltado até pelos ateus e fiéis de outras religiões, podemos concluir que as “portas do inferno” realmente não prevalecerão contra ela.


A segunda leitura litúrgica é a carta de Paulo aos Coríntios, à qual já me referi acima, cuja lição sobre a derrota da morte pela ressurreição de Cristo é o fundamento teológico mais forte para a afirmação da assunção de Maria, sobretudo levando-se em consideração que, sobre Maria, a serpente do pecado foi imobilizada, conforme se vê nas imagens dos artistas que retratam a figura da Imaculada Conceição. Aliás, esse título de “imaculada”, de acordo com a revelação particular a Bernardete Soubirous, aceita e admitida pela Igreja, foi Maria mesma quem afirmou: “je suis l'immaculée conception”, assim está estampado na gruta de Lourdes, na França. Não é afirmação bíblica, mas a tradição é fortíssima e antiquíssima, devendo ser prestigiada a sua credibilidade.


A leitura do evangelho relata a visita de Maria a sua prima Isabel, que engravidou já com a idade avançada, e cuja notícia lhe foi dada pelo anjo, quando trouxe a ela, Maria, a notícia de que tinha sido escolhida para ser a mãe do Redentor. Nesse contexto, Isabel pronunciou a parte inicial da oração da Ave Maria, prece antiga e tradicional do catolicismo. E nessa mesma ocasião, Maria pronunciou o seu belo cântico de louvor ao Altíssimo, o conhecido Magnificat, que não é tão divulgado no meio popular como a Ave Maria, mas é teologicamente mais importante. Maria estava no início da gravidez, enquanto Isabel estava na etapa final, então Maria ficou com ela durante três meses, ajudando nos preparativos e na chegada do bebê João, como é praxe ainda hoje as mulheres se ajudarem mutuamente nessas ocasiões. Esses relatos nós viemos a saber por intermédio de Lucas, o grande repórter da vida particular de Maria.


Uma curiosidade, porém, que Lucas não revela é onde Maria terminou seus dias. As crenças tradicionais são divergentes acerca do fato. Segundo algumas tradições, ela teria permanecido em Jerusalém, até o seu “passamento” - digamos assim, para não afirmarmos nem que ela morreu nem que descansou. Segundo outras tradições, ela teria terminado seus dias em Éfeso, onde existe uma casa, que é visitada pelos peregrinos e venerada como sendo a “casa de Maria” e de onde ela teria sido trasladada para o céu. Sabemos que João, o evangelista, era bispo de Éfeso e foi a ele que Jesus confiou os cuidados com Maria, ainda no Calvário. Talvez por isso a tradição se incline a aceitar que Maria teria terminado a vida em Éfeso. Mas pode ser também que João tenha se mudado para Éfeso somente depois da “passagem” de Maria, pois também não se sabe em que ano isso aconteceu. João teria se transferido para Éfeso, conforme a tradição, por volta do ano 50. Supondo que Maria teria engravidado com cerca de 15 anos, como era o padrão da sua época, no ano 55 ela teria cerca de 70 anos de idade. Por isso, tanto uma tradição quanto outra (Jerusalém ou Éfeso) são compatíveis com os fatos e assim não tem como solucionar a controvérsia.


Meus amigos, penso que é crença incontroversa o fato de que Maria ocupa um lugar central e incomparável em toda a economia da salvação (para usar um termo clássico da teologia). Não é por acaso que ela é reverenciada com tantos títulos. Que ela sempre nos vigie a todos com a sua ternura maternal.


Com um cordial abraço a todos.

Antonio Carlos

sábado, 10 de agosto de 2024

COMENTÁRIO LITÚRGICO - 19º DOMINGO COMUM - 11.08.2024

 

COMENTÁRIO LITÚRGICO – 19º DOMINGO COMUM – O MILAGRE DO PÃO – 11.08.2024


Caros Confrades,


Pelo terceiro domingo seguido, a liturgia coloca em perspectiva o tema do pão, seja como alimento do corpo, seja como alimento do espírito: o pão de cada dia, o pão vivo, o pão que dá vida, o pão da palavra, o pão da eucaristia, aquele pão que é penhor da vida eterna. Desta vez, Jesus vai responder aos comentários maldosos dos judeus, que se admiraram ao ouvirem-no falar que ele é o “pão descido do céu”. Como assim? Eles conheciam o pai, a mãe, os familiares de Jesus e sabiam a sua origem, como podia ter ele vindo do céu? Difícil de entender, sob a ótica linear e fundamentalista traçada pelos judeus daquele tempo e, com todo respeito, também os judeus de hoje, para os quais Jesus não passa de judeu famoso, nada mais do que isso. Só quem crer e se alimentar desse pão viverá eternamente.


Na primeira leitura litúrgica, retirada do primeiro Livro dos Reis (1Rs 19, 4), temos o emblemático episódio em que o profeta Elias foi alimentado com um pão especial, trazido pelo anjo de Deus, quando estava exausto e com fome no deserto. A ingestão daquele pão milagroso lhe deu sustança para caminhar durante quarenta dias e quarenta noites. Embora fosse de um tipo especial e prefigurasse, com muita antecedência, a eucaristia, este pão do deserto saciava a fome corporal apenas, mas não tinha o condão de preservar para a vida eterna quem o comesse. E, como é bastante comum ocorrer nos textos do Antigo Testamento, faz-se aqui mais uma referência à mística do número 40, que deve ser entendida no sentido alegórico, não no sentido literal da contagem matemática, mas dentro de sua simbologia, que indica que algo extraordinário e grandioso está por acontecer. O pão trazido a Elias pelo anjo deu-lhe alento para caminhar durante quarenta dias e quarenta noites, sem sentir fome, até chegar ao monte Horeb (Sinai), para onde ele se dirigia, obedecendo à ordem de Javeh. Esse é o sinal do poder daquele pão miraculoso.


É importante salientar que o nome Elias significa “Javeh é meu Deus” e este profeta teve um papel importantíssimo na defesa do monoteísmo hebraico, na época em que o povo hebreu passava por um período de vacilação na sua fé religiosa. A missão do Profeta era trabalhar junto às comunidades da região do Sinai, para que abandonassem os deuses pagãos e retornassem ao seu único Deus, Javeh. Ocorre que Elias não conseguia sensibilizar aquele povo para ouvir suas palavras e retornar ao seguimento da aliança e estava assim por demais desgastado com a dureza dos seus corações. Passando de aldeia em aldeia, anunciando a ordem de Javeh, ele não recebia a esperada adesão por parte dos seus coirmãos de fé. Elias então entrou numa verdadeira crise existencial. Parecia que Javeh tinha dado a ele uma missão impossível. Além da incredulidade do povo, sobressaía o cansaço físico e a dificuldade de se alimentar, porque ele não era bem recebido por onde andava.


Naquele dia, em meio a essa crise psicológica, atravessando uma região desértica, padecendo em consequência da fome e da descrença dos hebreus, Elias surtou. Deitou-se no chão, na sombra do junípero e disse a Javeh: agora basta, Senhor, podeis tirar a minha vida, eu não tenho mais forças para cumprir a missão que me destes. E adormeceu. Foi despertado por um anjo, que lhe trouxe para refeição um pão assado sob as cinzas, que ele comeu e dormiu novamente. Daí a pouco, o anjo o acordou de novo e deu-lhe outra porção do pão, que ele comeu outra vez e pronto. Com este alimento, Elias não teve mais fome nem cansaço e pôde terminar sua tarefa, percorrendo toda a região do deserto, até chegar ao Sinai.


A região atravessada por Elias é aquela grande península do Sinai, pertencente hoje ao Estado de Israel, que ao longo da história tem sido objeto de intermináveis contendas e a paz ainda não se fixou por ali, desde os tempos bíblicos. Vejamos que Elias, que viveu no século IX antes de Cristo, já não conseguia atravessar aquela região em paz, do mesmo modo que os seus atuais habitantes. A dificuldade de convivência dos judeus com os seus vizinhos prossegue hoje com a mesma ou até maior intensidade do que nos tempos bíblicos.


Na leitura do evangelho de João (6, 41-51), Jesus falara ao povo de sua cidade natal que Ele é o pão descido dos céus. Pra que ele disse isso! ... Os conhecidos ficaram logo a cochichar entre si: nós o conhecemos, não é Ele o filho de José e Maria? Por que ele diz que desceu do céu? Foi por isso que Jesus, depois, se lamentou: É isso mesmo, ninguém consegue ser profeta na sua própria terra. (Lucas, 4, 24). Era difícil explicar aos conterrâneos que ele é o pão vivo descido do céu e quem comer deste pão não morrerá eternamente. Teve de justificar que somente aquele a quem o Pai atraiu poderá reconhecê-lo como pão do céu. “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai.” (Jo 6, 44) Ou seja, numa perspectiva puramente humanística, não havia condição de alguém reconhecer em Jesus o Filho de Deus, era necessário que os seus conterrâneos primeiramente aceitassem o Pai, através dos ensinamentos de Jesus, para que então pudessem entender a que tipo de pão Ele estava se referindo.


E Jesus aproveitou para dizer que os antepassados deles haviam comido outro pão descido do céu, o maná solicitado por Moisés, quando estavam no deserto, todavia não era aquele tipo de pão o que Jesus trazia, porque o pão do deserto não livrava da morte eterna. Já o pão vivo, que era ele próprio, traz a recompensa da vida eterna a quem com ele se alimenta. Lembrando-nos dos domingos anteriores, em que comentei aqui outras passagens evangélicas com essa mesma temática do pão, fiz referência a que o pão vivo, que é Cristo, não alimenta apenas o corpo material, mas também a alma espiritual, daí porque Ele produz como resultado a vida eterna. Aquela multidão que buscou Jesus após o milagre da multiplicação dos pães buscava tão somente, outra vez, o pão material e Jesus fê-los ver que o pão que alimenta o corpo não pode estar separado do pão que alimenta o espírito.


Desse modo, o pão vivo, que é Jesus, não é apenas a sua carne por ele entregue para a vida do mundo. É necessário que o pão = carne seja consumido juntamente com o pão = palavra, com a mensagem de sua doutrina. A catequese que se desenvolveu no Brasil ao longo do tempo não foi capaz de demonstrar ao nosso povo a necessidade de unir essas duas dimensões do pão do céu (corpo de Cristo): a palavra e a eucaristia. Sempre carregou mais na obrigação de comungar, porque com a comunhão, nós nos unimos ao próprio Cristo, Ele ingressa no nosso ser. Sem dúvida, isso é verdade. No entanto, aqui temos apenas a primeira parte do seu ensinamento. Para que este pão eucarístico produza o efeito que Cristo prometeu (“quem come deste pão viverá eternamente”) é necessário unir a comunhão eucarística com o cumprimento dos mandamentos de Cristo (“amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”), ou seja, com a ingestão do pão da palavra e do pão eucarístico, pelos quais tanto o corpo quanto o espírito se alimentam e fortalecem.


A participação no sacramento da eucaristia, quando não é acompanhada da prática dos ensinamentos de Cristo, equivale àquela advertência de Paulo de que não se deve comer e beber indignamente o Corpo e o Sangue de Cristo (1Cor 11,27). Tradicionalmente, sempre se ensinou que isso ocorre com quem vai comungar sem ter-se confessado antes. A meu ver, come e bebe indignamente o Corpo e o Sangue de Cristo quem dissocia o pão da eucaristia do pão da palavra, porque o pão vivo, que é Cristo, só está completo com essas duas funções. Foi isso que Ele ensinou, nas diversas passagens que lemos nos últimos domingos, em que a temática do pão vem sendo repetida e reforçada. Jesus somente deu o pão da sua carne aos Apóstolos na última ceia, depois de passar três anos instruindo-os com o pão da palavra. Ele afirmou, por várias vezes, que quem comesse da sua carne teria a vida eterna, todavia, ele só demonstrou como seria isso na prática após todo o período de catequese dos Apóstolos, quando eles já haviam absorvido suficiente quantidade dos seus ensinamentos.


Só uma breve palavra sobre do conceito de “carne”, que aparece diversas vezes nesse discurso acerca do pão. A palavra grega em referência é 'sarx', que se traduz por carne, porém, o seu significado vai além da carne = músculo, como costumamos entender em português. De fato, sarx significa qualidade de ser humano, humanidade, ser vivo e pensante, é como se Jesus tivesse dito “quem come a minha humanidade”, isso é bem mais amplo e profundo do que a carne meramente muscular, fisiológica. Lembremo-nos, a propósito, de outra passagem do evangelho, onde diz que “o Verbo se fez carne”, o que significa: o Verbo tornou-se gente, transformou-se em ser humano. Tenhamos em mente esses conceitos, ao participar da eucaristia.


Cordial abraço a todos.

Antonio Carlos