sábado, 29 de julho de 2023

COMENTÁRIO LITÚRGICO - 17º DOMINGO COMUM - 30.07.2023

 

COMENTÁRIO LITÚRGICO – 17º DOMINGO COMUM – PARÁBOLAS DO REINO – 30.07.2023


Caros Confrades:


A liturgia deste domingo nos põe para reflexão três parábolas pronunciadas por Jesus Cristo para exemplificar, em linguagem popular, o objetivo primordial da sua missão, que era anunciar o reino de Deus e convidar todos a dele participar. São metáforas bastante curtas, mas de importantes significados, bem ao nível da compreensão das pessoas de poucas letras, por fazerem comparações com fatos do dia a dia daquele povo. O tesouro escondido, a pérola de grande valor e a rede lançada ao mar eram, sem dúvida, imagens bastante familiares aos galileus e assim ficava mais fácil transmitir para os ouvintes uma noção sublime e complexa, que somente vários anos mais tarde foi-se esclarecendo, através das doutrinas dos Padres da Igreja primitiva e formando os princípios teológicos hoje conhecidos.


Na primeira leitura, do primeiro livro dos Reis (1Rs 3, 5-12), lemos um episódio de grande simbolismo relativo ao reino de Israel, protagonizado por Salomão, o mais famoso dos antigos reis. De acordo com a tradição israelita, Salomão foi escolhido especialmente por Davi, seu pai, para ser o rei por ordem de Javeh, pois ele não era o primogênito. Agiu politicamente a mãe, Bethsabé, que convenceu o profeta Natan a obter a concordância do rei Davi, já bastante idoso na ocasião, e assim ele foi coroado. O real herdeiro era seu irmão Adonias, o primogênito, que fez veementes protestos por haver sido preterido. Salomão era muito jovem, quando começou a governar, e sentia-se muito inseguro. Porém, ele tinha sido uma escolha divina e foi assim que Salomão teve uma visão em sonho de Javeh, perguntando-lhe o que ele queria. A oração de Salomão pode ser vista como a oração da humildade e da confiança. Ele poderia ter “aproveitado” para pedir riquezas, poder, longo reinado ou outros bens sócio materiais, mas o que ele pediu e Javeh lhe concedeu foi a antológica sabedoria, que sempre o distinguiu e, com essa característica, ele reinou durante 40 anos. (Observemos aqui a presença da simbologia do número 40, não significando que o seu período de governo tenha sido matematicamente de 40 anos.) No contexto da liturgia deste domingo, a referência a Salomão é para mostrar que o seu reinado, de muita riqueza e prosperidade para o povo de Israel, era uma prefiguração do reino de Deus, que Jesus Cristo viria anunciar futuramente. Se o reino de Salomão, que era puramente terrestre, trouxe tantos bens e glórias para os israelitas, muito mais bênçãos e riquezas trará o novo Reino de Jesus Cristo.


Na segunda leitura, sequência da carta de Paulo aos Romanos (8, 28-30), o Apóstolo se refere ao “reino” com outro conceito - o projeto de Deus: “Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de Deus.” (Rm 8, 28) Este “projeto” não deve ser outro senão o plano de salvação, a redenção da humanidade trazida por Cristo, do qual a Igreja é o agente continuador. É nesse sentido que a Igreja configura o “reino” de Deus em preparação, o “reino” no meio de nós que já está presente, mas ainda não está na sua forma definitiva, a teoria teológica do “já e ainda não”. Através da atitude de pertença à comunidade eclesial, nós, membros da Igreja, fomos predestinados, somos chamados e justificados para, depois, sermos glorificados. O “projeto” de Deus, o plano de salvação são sinônimos do “reino”, daí porque insisto em que devemos entender o reinado de Cristo como um serviço aos irmãos, como Ele por diversas vezes ensinou aos seus discípulos. Lamentavelmente, ao longo do tempo, esse conceito de reino foi-se transformando no sentido literal e humano, levando ao extremo de se atribuir ao Papa uma tiara papal composta pela tríplice coroa real, que simbolizava o tríplice poder da figura de Cristo como Sacerdote, Profeta e Rei. Essa fusão de conceitos do “reino de Deus” com os reinos territoriais europeus, a partir da Idade Média, trouxe sequelas prejudiciais e indesejáveis, ainda hoje observadas, que são motivos de recusa de muitos intelectuais para aceitarem a doutrina cristã. E, lamentavelmente, há ainda muitos católicos saudosistas, tradicionalistas, que insistem nessa visão triunfalista da Igreja, incompatível com o autêntico projeto de Deus, a que se refere o apóstolo Paulo.


No evangelho de Mateus (Mt 13, 44-52), Jesus nos dá três exemplos bem simples e compreensíveis do que seja o “reino de Deus”, que Ele veio revelar para nós. São conhecidos como “parábolas do reino”. Antes de prosseguir, é importante fazer uma observação: Jesus não pronunciou essas parábolas num mesmo dia, assim em sequência conforme estão escritas no texto de Mateus. Trata-se de uma compilação de discursos proferidos e repetidos por Jesus ao longo dos seus anos de pregação, em diversas ocasiões, que os escritores dos evangelhos, por razões didáticas, preferiram assim organizar em seus textos. Obviamente, Jesus utilizava imagens que, na sua percepção, fossem mais condizentes com o dia-a-dia de cada grupo de ouvintes.


Na primeira metáfora, Ele diz: “O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo.” A pessoa que o encontra, vende tudo o que possui para comprar aquele campo e ser possuidor daquele tesouro. Naquela época, as pessoas procuravam guardar escondidas as suas fortunas e, em caso de ameaça de invasões de povos inimigos, enterravam seus pertences de valor, para não serem saqueados. Isso era também comum nos sertões do nordeste anos atrás, antes de existirem os bancos, eram as famosas botijas. Hoje, não existem mais, porém, em outras eras, faziam todo sentido. Na segunda metáfora, diz: “O Reino dos Céus é também como um comprador que procura pérolas preciosas.” Ao encontrar uma pérola de grande valor, o comprador vende tudo para investir naquela encontrada. Ou seja, uma única pérola (o reino) vale mais do que o conjunto patrimonial de alguém. As imagens do tesouro e da pérola, comparadas ao “reino” indicam que todos os bens materiais de alguém têm valor insignificante, daí porque Jesus, em diversas ocasiões, sugeriu aos seus ouvintes que se desfizessem de tudo, para assim ganhar um prêmio na vida eterna. Dito de outro modo, quem descobre o “reino” de Deus logo percebe que tudo o mais é irrelevante, aderindo completamente àquele. Diante da grandeza do “reino”, todos os bens materiais ficam sem valor. Mas como toda comparação é imperfeita, o encontrador do tesouro e o comprador da pérola manifestam também uma ideia egoísta, assim como se o “reino” pudesse ser possuído totalmente por uma pessoa só, o que levou os teólogos do passado a ensinarem que cada um devia buscar a própria salvação individualmente. O conceito da salvação como algo realizado no meio da comunidade cristã só veio a se desenvolver após o Concílio Vaticano II.


Terceira metáfora: “O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo.” Levada a rede para a terra, os pescadores recolhem os peixes bons para os cestos e jogam fora os peixes corrompidos. A imagem da rede cheia de peixes tem uma conotação diferente das anteriores, por referir-se a uma situação de seletividade, dando a entender que nem todos estão aptos a pertencerem ao “reino”. Estes seriam talvez aqueles que pretendem obter o tesouro ou a pérola sem, contudo, se desfazerem dos seus bens terrenos, por isso ficam corrompidos e divididos e precisam ser excluídos do grupo dos eleitos. A parábola da rede de pesca guarda muita semelhança com aquela comentada no domingo anterior, no confronto entre o trigo e o joio: o primeiro será aproveitado, enquanto o segundo será lançado ao fogo. Essas imagens representativas de algo descartável a ser queimado eram “indiretas” que Jesus lançava contra os fariseus, que se misturavam com os autênticos seguidores dele, mas apenas com o objetivo de observá-lo, buscando um motivo para o acusarem. Durante muito tempo, essa imagem foi aplicada na teologia às pessoas que não fazem parte da Igreja Católica, como sendo aquelas destinadas ao castigo eterno. Felizmente, essa percepção exclusivista do “reino de Deus” foi superada pela teologia contemporânea, o Papa Francisco tem insistido nisso em diversas ocasiões, sobretudo quando trata do tema do ecumenismo: todas as pessoas que vivem a sua religião de acordo com a sã consciência, com convicção e seriedade, são aptas à salvação. Ainda há, contudo, muitas dissensões dentre os membros da hierarquia sobre o tema, porque a noção solipsista da salvação continua muito forte na mente dos católicos tradicionalistas.


A parte mais interessante vem agora, quando Jesus pergunta se todos entenderam. Eles respondem que sim, então Jesus completa: “todo o mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.” O evangelista não explica essa conclusão, que aparentemente está dissociada das parábolas apresentadas, porque os ouvintes de Jesus não eram mestres da Lei. Mas sabe-se que havia fariseus infiltrados. Então, Jesus, sabendo disso, lançava mão do discurso indireto: ainda há tempo para que os mestres da Lei se convertam para o novo “reino”, sendo capazes de conciliar os ensinamentos da Torah mosaica com a Boa Nova cristã. Através de outras passagens dos evangelhos, sabe-se que nem todos os fariseus se opuseram a Jesus, mas alguns se converteram e se tornaram seus discípulos, embora secretamente. Estes foram os que souberam retirar do seu tesouro familiar as coisas novas e velhas.


Que o divino Mestre nos conceda a sabedoria salomônica para não ficarmos apegados ao passado e sempre sabermos transformar velhas doutrinas em novas ideias, acompanhando a evolução da sociedade.


Com um cordial abraço.

Antonio Carlos

sábado, 22 de julho de 2023

COMENTÁRIO LITÚRGICO - 16 º DOMINGO COMUM - 23.07.2023

 

COMENTÁRIO LITÚRGICO – 16º DOMINGO COMUM – PARÁBOLAS DO REINO – 23.07.2023


Caros Confrades:


Neste 16º domingo comum, as leituras escolhidas abordam a ação do Espírito Santo na nossa vida, seja através da forma de Sabedoria, como era no Antigo Testamento, seja na forma de sopro divino, como explica São Paulo, na epístola aos Romanos, quando diz que, na nossa fraqueza, não sabemos o que pedir a Deus nem como pedir, mas nesse momento, o Espírito intercede em nosso favor. Na leitura do evangelho de Mateus, a temática deste domingo se concentra nas parábolas do reino, os exemplos pedagógicos utilizados por Jesus Cristo, para simbolizar a nossa realidade definitiva, que já iniciamos nesta vida terrena, ou seja, o “Reino” que nos está assegurado pela sua ação redentora. Embora seja uma realidade futura, o reino já pode ser vivido na nossa condição atual, foi exatamente isso que Jesus veio nos ensinar.


Na primeira leitura, do livro da Sabedoria (12, 13-19), o autor sagrado faz o contraponto entre a força e a justiça. Dentro da mentalidade judaica antiga, ainda não se falava no Espírito Santo. Então, a Sabedoria é a figura que antecipa o Espírito, que foi revelado por Jesus tempos depois. A Sabedoria antiga se identifica com o próprio Javeh e este era visto como uma autoridade poderosa e ciumenta, que aplicava castigos aos que não acreditavam nele, mas julgava com clemência os crentes. Dentro dessa visão de justiça, Javeh era também complacente com os arrependidos, sempre disposto a perdoar os pecadores. Com isso, o hagiógrafo afirma que Javeh está ensinando como deve ser a aplicação da justiça pelas autoridades da sociedade: “Assim procedendo, ensinaste ao teu povo que o justo deve ser humano” (12, 19). Ou seja, a autoridade social deve sempre tomar como medida da justiça a regra da humanidade. Quanto a Javeh, contudo, o escritor sagrado afirma que “quando quiseres, está ao teu alcance o uso do teu poder” (12, 18), essa, porém, não é a regra a ser utilizada pelo governante da sociedade. No contexto do povo de Israel, a figura de Salomão é o exemplo mais acabado dessa forma sapiente de governar, ele que teve um reinado de muita riqueza e prosperidade, o qual foi tomado como uma prefiguração do reino de Deus, que Cristo viria anunciar futuramente. Se o reino de Salomão, que era puramente terrestre, trouxe tantos bens e glórias para os israelitas, muito mais bênçãos e riquezas trará o novo Reino anunciado por Jesus.


Na atual sociedade, soa impróprio o uso teológico do conceito de “reino”, porque é um estereótipo que transmite uma ideia de riqueza, de ostentação e triunfalismo, não compatível com a imagem que a Igreja de Cristo deve demonstrar. É óbvio que essa terminologia se encontra no evangelho porque essa era a realidade social do tempo de Cristo, mas Ele próprio explicou diversas vezes que o reino d'Ele “não é deste mundo”, detalhe que ficou durante muito tempo esquecido pelas autoridades eclesiásticas e algumas delas, ainda hoje, mantêm essa visão triunfalista. Por essa razão, é sempre necessário referir-se ao “reino” de Deus entre aspas, a fim de caracterizar a autêntica figura que a Igreja deve apresentar. O Papa Francisco tem dado exemplos marcantes dessa nova forma de compreender o “reino”, com suas vestes simples, sua atenção com os mais pobres, andando de ônibus em vez de andar em carro oficial, fazendo refeições com os pedintes de Roma, dando dessa forma o melhor exemplo de que o “reino” de Deus é de todas as pessoas, das pessoas comuns, retirando aquela barreira e aquele distanciamento que sempre houve entre as autoridades eclesiásticas e os demais cristãos.


A segunda leitura, de Paulo aos Romanos (8, 26-27), enfatiza a ação do Espírito Santo, que realiza, no Novo Testamento, aquelas ações que a cultura judaica apresentava com o título de Sabedoria, que se identificava com o próprio Javé. Os cristãos romanos eram os mais intelectuais das diversas comunidades gentias doutrinadas por Paulo. Bem versados na filosofia grega, Paulo explica aos cristãos romanos a ação própria do Espírito Santo, que intercede em nosso favor “com gemidos inefáveis”, ou seja, os romanos deveriam perceber o significado cristão do termo “espírito”, diferente da noção grega, que eles tinham. O “espírito grego” é sinônimo da racionalidade, da clareza lógica, da argumentação silogística; Paulo diz então que, ao contrário, o Espírito Santo se expressa com gemidos inefáveis, ou seja, com “palavras” que a razão não compreende, mas Deus, que penetra no íntimo dos nossos corações, sabe qual é a “intenção” do Espírito e, mesmo que nós não sejamos capazes de alcançar esse entendimento, o Espírito intercede por nós segundo o entendimento de Deus, e isso é o que importa. Paulo usa (vers. 27) o termo “santos” para significar os cristãos. Convém lembrar que o termo “cristãos” não era de uso comum nessa época, pois fora criado na Igreja de Antioquia e ainda não havia se espalhado como conceito geral para indicar os discípulos de Cristo. Por isso, em suas cartas, Paulo usava o termo “santos”, ou seja, os que foram salvos por Jesus.


No evangelho de Mateus (Mt 13, 24-43), Jesus nos dá três exemplos bem simples e compreensíveis do que seja o “reino de Deus”, através de parábolas. Na primeira metáfora, Ele diz: “O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora.” A dicotomia trigo-joio tem sido muito invocada na tradição para indicar a distinção entre cristãos e não cristãos. Observemos que, no texto da parábola, quem semeou o joio no meio do trigo foi o “inimigo”. Mais adiante no texto (13, 36), os discípulos pedem a Jesus que explique a parábola para eles, então Jesus diz que o “inimigo” é o “diabo”. Mas, vamos com calma aqui. O diabo não é o demônio, o capeta, o satanás. Na literatura ocidental, essas palavras carregam um significado terrível e são consideradas sinônimas. Mas, como disse, vamos com calma aqui, façamos antes uma análise etimológica. No texto grego, temos “ó speíras autá estin ó diábolos”, frase que São Jerônimo traduziu por “inimicus autem est diabolus” (o inimigo é o diabo). Porém, o vocábulo grego “diabolos” tem um significado bem diferente do diabo português. A palavra vem do verbo grego “diaballô”, que significa, espalhar (sementes e também boatos), caluniar, difamar. Então, o “diábolos” grego é o invejoso, o caluniador, o maledicente, o fofoqueiro. Não nos deixemos levar pelo símbolo cultural que a figura diabólica representa, porque assim nos desviaremos do autêntico significado da mensagem de Cristo. E, com isso, devemos também vigiarmo-nos continuamente, para não sermos “diabólicos” nas nossas relações humanas.


Na segunda metáfora, Jesus diz: “O Reino dos Céus é também como uma semente de mostarda, que um homem pega e semeia no seu campo ” Embora se trate de uma semente bem pequenina, porém, ao germinar, tornar-se-á uma árvore frondosa, onde os pássaros virão pousar. O “reino” tem essa característica da transformação. Por menor que seja a nossa ação em favor do “reino”, o resultado será de grandes proporções, porque nós apenas plantamos, mas quem produz os frutos é o Espírito.


Terceira metáfora: “O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado.” A imagem do fermento é também muito significativa, porque ao se misturar com a massa, o fermento não mais se distingue dela, no entanto, os resultados são logo percebidos através do efeito da levedura, que faz multiplicar o seu volume. E completa o evangelista, dizendo que Jesus sempre falava ao povo usando parábolas, o seu modelo pedagógico preferido. De fato, os termos de comparação do “reino” com uma semente, uma planta, uma massa levedada, eram todas imagens familiares ao público ouvinte. Dizia o Padre Luiz Uchoa, meu professor de Bíblia, que essas parábolas não foram pronunciadas por Cristo numa mesma ocasião, assim em sequência conforme está escrito no evangelho de Mateus, mas foram proferidas e repetidas ao longo de diversas alocuções, de modo que ficaram guardadas na memória do povo. Só muito posteriormente, essas metáforas usadas por Cristo em ocasiões diversas foram recolhidas e colecionadas num mesmo escrito. Isso explica o motivo pelo qual os objetos de comparação muitas vezes não são similares. Por certo, de acordo com o momento e conforme a qualidade dos ouvintes, Jesus utilizava uns ou outros modelos, de maneira a causar sempre o melhor impacto. Foi isso que o tornou um pregador famoso, a quem todas as pessoas acorriam para ouvir.


Posteriormente. de forma reservada, embora nem sempre o evangelista relate isso, Jesus explicava detalhadamente as parábolas para os discípulos, pois sabe-se que eles não eram pessoas de grande cultura e, assim como os ouvintes em geral, muitas vezes não alcançavam o significado daqueles discursos. No evangelho em comento, Jesus explica apenas a parábola do trigo-joio, levando-nos a supor que o evangelista colocou esta explicação ali só como um exemplo. Num sentido trans-histórico, em cada época os leitores podem servir-se da pedagogia de Cristo para referenciar seus ensinamentos aos fatos cotidianos e é isso que faz com que o texto do evangelho seja sempre atual.


Que o divino Mestre nos conceda a sabedoria salomônica para sempre sabermos praticar a justiça com humanidade.


Com um cordial abraço.

Antonio Carlos

sábado, 15 de julho de 2023

COMENTÁRIO LITÚRGICO - 15º DOMINGO COMUM - 16.07.2023

 

COMENTÁRIO LITÚRGICO 15º DOMINGO COMUM - O SEMEADOR16.07.2023


Caros Confrades,


A liturgia deste domingo se concentra na eficácia da Palavra de Deus, que sempre se realiza entre os homens e não deixa de produzir seus efeitos. Assim diz o profeta Isaías, na primeira leitura, fazendo comparação com a chuva que cai do céu e fecunda a terra. E o evangelista Mateus nos recorda a parábola do semeador, uma das mais conhecidas e uma das poucas que foi explicada pelo próprio Jesus aos apóstolos. Diz o texto latino: “Ecce exiit qui seminat seminare.” (Eis que saiu aquele que semeia para semear). Esta parábola traz à tona alguns assuntos bastante intrigantes para nós, dentre os imensos desafios colocados ali por Jesus.


Primeiramente, gostaria de lembrar que nós todos um dia fomos 'seminados'. Isto é, fomos lançados como sementes. A instituição do Seminário foi criada no Concílio de Trento para semear novas sementes do sacerdócio ministerial. Nós continuamos a ser essas sementes, mesmo não tendo permanecido na vida religiosa, porque a semente da Palavra de Deus, uma vez lançada em nós, continua frutificando. É como se a semente que foi lançada em todos nós, saindo do Seminário, tivesse sido transplantada para outros campos, pois as nossas raízes continuam lá, essa é uma constatação que se reforça a cada novo encontro, a cada conversa do grupo.


A primeira leitura, do profeta Isaías (55, 10, 11), atesta que a Palavra de Deus é sempre eficaz. Na leitura litúrgica de ontem, sábado (Is 6, 6), o Profeta relatava de que modo a “semente” foi lançada em sua pessoa: estando em oração diante do altar em oração, um querubim retirou uma brasa do turíbulo e tocou com ela em seus lábios. Aquele foi o sinal e aquela foi a unção que o transformou em profeta. As palavras proferidas pela sua boca, dali em diante, se revestiam da mesma autoridade da palavra divina. E as profecias de Isaías são conhecidas pela sua precisão e seu detalhamento.


Na segunda leitura, de Paulo aos Romanos, o Apóstolo anseia pela manifestação dos filhos de Deus. “Toda a criação [diz ele] está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de Deus…” pois “ela espera ser libertada da escravidão da corrupção e, assim, participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus.” (Rm 8, 21) Ora, como será essa manifestação ou essa revelação dos filhos de Deus? Será através do testemunho que os seguidores de Cristo farão, pondo em prática os seus mandamentos diante da sociedade, que está gemendo como a mulher diante das dores do parto, aguardando os frutos do Espírito. Estes se manifestarão através de nossas palavras e ações e isso acontecerá quando os cristãos, cumprindo os mandamentos de Jesus, se tornarem iguais ao fermento na massa, fazendo germinar os frutos da Palavra de Deus. Diz o apóstolo Paulo que, na verdade, “toda a criação” está ansiando por este momento, porque através da mensagem de Jesus, também a natureza ficará libertada da corrupção e da morte. Paulo reforça, desse modo, a profecia de Isaías a respeito da eficácia da Palavra de Deus, segundo a qual, assim como a chuva que cai, a Palavra de Deus fará fecundar a terra e germinar as sementes plantadas. As duas primeiras leituras, portanto, desembocam na imagem da semeadura e na atividade do semeador.


Passando ao tema do evangelho de Mateus (13, 1-23), abordando ao assunto da semeadura na conhecida parábola de Jesus, podemos nos concentrar em dois pontos importantes.


Primeiro, é o fato incomum de trazer o evangelista a explicação da parábola, feita aos apóstolos pelo próprio Jesus. É de se supor que essa fosse uma prática comum, quando o grupo dos apóstolos retornava, com Jesus, das atividades do dia e se recolhiam para a refeição noturna e o descanso, momento em que Jesus conversava em particular com eles. Embora os evangelhos não tragam essas explicações em relação às demais parábolas, tal prática devia fazer parte da estratégia pedagógica de Jesus.


Deduz-se isso do seguinte detalhe: quando os discípulos perguntam a Jesus “por que você fala às pessoas em parábolas?”, isto é, por que você não fala logo claramente para todos? E Jesus responde: “porque a vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não é dado," para que olhando, não vejam, e ouvindo, não entendam. E aqui, Jesus retoma uma queixa do profeta Isaías: “Porque o coração deste povo se tornou insensível e ouviram de má vontade e fecharam seus olhos..." minha gente, isso é muito duro. Então, Jesus já estaria previamente condenando os judeus, porque não quiseram aceitá-lo e reconhecê-lo como o Messias? Não creio que fosse isso, mas sim que Jesus já sabia dos acontecimentos futuros e via que já não mais adiantava tentar dialogar com os judeus, eram um caso perdido.


Essas palavras duras de Jesus, certamente, não se dirigiam àquele povo judeu que o acompanhava, o povo simples, mas aos seus chefes, aos seus sacerdotes, pois no meio daquelas pessoas simples que o ouviam, havia os infiltrados, os olheiros. Quanto ao povo de boa fé, Jesus estava preparando os apóstolos para, depois, continuarem a disseminar os seus ensinamentos, tanto àqueles que o ouviam e também aos outros, que não tiveram oportunidade de ouvi-lo. Ele estava literalmente lançando a semente. Essa semente ainda precisava medrar e desabrochar, mas já ficou lançada. Podemos dizer que os judeus seriam aquele terreno pedregoso ou espinhoso, onde ele já sabia que a semente não iria germinar. Mas lançou também por ali, porque no meio de todo terreno pedregoso sempre há alguma porção de terra, no meio dos espinhos há sempre algum espaço livre e assim a semente poderia germinar. Ou seja, Jesus não estava de antemão condenando os judeus, mas não queria desperdiçar seu tempo (que ele sabia ser curto) com um auditório que teimava em não compreender. Deixaria esse trabalho de reforço para os seus apóstolos. Trazendo isso para a nossa realidade, precisamos cuidar para que o nosso coração também não se torne rígido e insensível, para que o nosso orgulho e a nossa arrogância não nos transformem nesses terrenos pedregosos e espinhosos, inadequados para a semeadura, tal como outrora se apresentaram os judeus.


O outro ponto importante a destacar é aquele em que Jesus nos deixa ainda mais intrigados, quando diz: "Porque a vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não é dado. Pois à pessoa que tem será dado ainda mais, e terá em abundância; mas à pessoa que não tem será tirado até o pouco que tem." Minha gente, isso é muito cruel. Então, ao que tem alguma coisa, será dado mais; ao que não tem, até o pouco que tem será tirado. Onde ficou a misericórdia do coração de Jesus na hora de dizer isso? Parece uma atitude incoerente com os seus ensinamentos.


Pois bem, eu entendo isso como um grande desafio que Jesus colocou para os seus discípulos daquele tempo e coloca para nós hoje também. Os dons recebidos por cada um de nós, quando bem administrados, se multiplicam; quando não se tornam produtivos, são retirados. A misericórdia de Deus não alcança aos que deixam de corresponder aos dons recebidos. Ele diz: alguns produzem 100:1, outros 60:1, outros ainda 30:1, mas tem de produzir algo. Nós cristãos temos essa grande responsabilidade de demonstrar 'produção' dos dons.


Essa forma de falar até lembra um jargão do universo capitalista, obcecado pela ideia da produção, mas obviamente Jesus jamais se referia a isso nesse sentido. Produzir é frutificar, frutificar é ser exemplo, então a produção aqui significa ser sal e ser luz, como Ele disse em outra passagem. Por outras palavras, produzir significa fazer a diferença. Então, não basta ser cristão 'da boca pra fora' declarando isso a todo instante, pois o ser cristão tem de se manifestar em ações e atitudes. Não basta dizer: Senhor, Senhor... não é suficiente orar no recôndito do seu ser, jejuar, fazer penitência em sigilo. Tudo isso é importante, mas será vão se não frutificar, se não se transformar em sal e luz, se não fizer aquela diferença que faça alguém reconhecer no seu agir o comportamento de um discípulo de Cristo.


Este é o nosso desafio cotidiano. Que Deus faça todos os nossos esforços convergirem para uma competente superação desse desafio.


Cordial abraço a todos.

Antonio Carlos

sábado, 1 de julho de 2023

COMENTÁRIO LITÚRGICO - FESTA DE SAO PEDRO E SAO PAULO - 02.07.2023

 

COMENTÁRIO LITÚRGICO – FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO – 02.07.2023


Caros Confrades:


A liturgia do 13ª domingo comum cede espaço para a solenidade de São Pedro e São Paulo, ambos martirizados no ano 67, sob as ordens do imperador Nero. Ambos tiveram importante função na igreja cristã primitiva. Até o ano 45, Pedro chefiava a Igreja de Antioquia, a mais importante da região oriental, indo então para Roma, e Paulo foi o grande divulgador do cristianismo no mundo greco-romano. Ambos deram seus testemunhos de fé e perseverança, cumprindo o mandato do Mestre e seguindo-o também no martírio: Pedro através da cruz, Paulo através da espada. Pedro foi crucificado, Paulo foi degolado. A fé semeada por eles e regada com o próprio sangue frutificou intensamente em todo o continente europeu, espalhando-se daí para o solo americano.


Tendo saído de Antioquia, no ano 45, Pedro foi ser o chefe da Igreja de Roma, então ainda persiste até hoje a polêmica sobre a autoridade de Pedro para todas as comunidades católicas. A igreja ortodoxa de Antioquia reivindica o direito de primazia sobre Roma, pois ele exerceu a chefia ali por primeiro, mas não reconhece a autoridade do Papa de Roma. Em relação às demais igrejas ortodoxas, essas não o reconhecem, no caso, cada uma delas possui seu próprio Patriarca. Desde o Papa Paulo VI, nos anos 60, iniciou-se um trabalho de aproximação de Roma com as igrejas orientais, passados 900 anos desde que houve a separação entre oriente e ocidente. O Papa Francisco vem mantendo essa nova tradição, estreitando sempre mais os laços entre as igrejas irmãs. Não faz muito tempo, ele e o Patriarca da Armênia celebraram missa e participaram de diversas solenidades ali. A igreja armeniana é considerada a primeira igreja cristã oficialmente reconhecida pelo Estado, no ano 301, enquanto que o cristianismo só foi reconhecido em Roma vinte anos depois, em 321, quando do reinado do imperador Constantino. A Igreja de Antioquia veladamente reclama a sua originalidade, pois foi ali onde Pedro foi bispo, antes de mudar-se para Roma. Novos contatos e entendimentos deverão ensejar vitoriosos passos visando ao congraçamento de todas.


As leituras litúrgicas deste domingo recordam fatos extraordinários atinentes à vida pessoal dos apóstolos Pedro e Paulo. Sobre Pedro, o escritor São Lucas narra, nos Atos dos Apóstolos (12, 1-11) a miraculosa libertação dele da prisão do rei Herodes, que o prendera para agradar os judeus adversários dos cristãos. Lucas destaca a liderança de Pedro e tamanho da fé que a comunidade romana tinha nele. O rei Herodes sabia da importância hierárquica de Pedro e o mantinha na prisão com um esquema especial de segurança: quatro grupos de quatro soldados cada um, além dos guardas que ficavam na porta da prisão. E ainda por cima, Pedro estava amarrado com duas correntes, mas nada disso adiantou naquela ocasião em que Deus mandou o anjo para libertá-lo. O escritor sagrado destaca, neste episódio, a importância da oração da comunidade pelo seu pastor, fato que deve servir de exemplo para todos nós também nos dias de hoje. É muito comum as pessoas falarem mal dos padres e bispos quando, em certas ocasiões, se comportam de um modo não esperado ou até não condizente com o seu estado clerical. A narração de Lucas procura mostrar a integração que havia entre a comunidade de judeus convertidos e Pedro, destacando que a oração dos fiéis foi decisiva para que Deus mandasse o seu anjo para libertá-lo da prisão. A oração das nossas comunidades em prol dos seus pastores, assim como o apoio nas iniciativas da paróquia, faz parte da obrigação dos fiéis e demonstra a presença do espírito comunitário cristão.


A narrativa da libertação de Pedro tem um certo tom cinematográfico, assim como se costuma ver nos filmes de ficção científica. Na véspera do dia em que Herodes iria apresentá-lo ao público judeu, Pedro recebeu a visita do anjo do Senhor, que o conduziu para fora da prisão. Lucas diz (At 12, 9) que Pedro ficou sem saber se aquilo acontecia na realidade ou se ele estava apenas tendo uma visão. Imaginemos a cena: Pedro dormia e despertou com uma luz, que no entanto, não despertou os soldados que dormiam ao lado dele. As correntes que lhe prendiam as mãos se soltaram e o barulho delas não despertou os soldados nem chamou a atenção dos demais guardas. Os portões abriram-se sozinhos diante dele e os guardas de plantão nada perceberam. Pedro seguia o anjo e via tudo aquilo acontecendo, mas não sabia se era apenas um sonho ou realidade. Somente quando se viu do lado de fora e livre foi que tomou consciência da sua libertação miraculosa. Diz o texto que isso aconteceu quando “o anjo o deixou”. Podemos imaginar a grande festa que aconteceu na comunidade dos novos cristãos com a chegada de Pedro. E podemos imaginar também a ira e a decepção de Herodes, quando soube que Pedro não estava mais na prisão e ninguém sabia explicar como ele havia saído de lá. O fato é que a mão do Senhor não poderia faltar nessa hora crucial para a Igreja primitiva. A libertação de Pedro veio confirmar para a comunidade o valor da oração e atestar a proteção divina para com o seu líder.


Na segunda leitura, da Carta a Timóteo, o apóstolo Paulo, preso em Roma, diz que aguardava só a hora do seu sacrifício, expressando a sua fé e a confiança na salvação, segundo a promessa de Cristo, que ele anunciara por todas aquelas paragens. Combati o bom combate, terminei a corrida, mantive a fé, diz ele numa expressão que se transformou numa espécie de hino da vitória, que todo bom cristão pode entoar. A coroa da justiça, diz ele, está reservada não apenas para mim, mas para todo aquele que espera, com amor, a manifestação gloriosa de Cristo. As palavras de Paulo podem ser entendidas também como uma espécie de testamento espiritual, que ele depositou nas mãos do seu discípulo Timóteo, para ser distribuído com todos os cristãos. Ao chegar em Roma como prisioneiro, Paulo sabia que o seu fim estava próximo. Não foi necessário que a mão do Senhor providenciasse para ele a mesma atuação miraculosa que dedicara a Pedro, em outra circunstância similar, pois o trabalho de Paulo já estava concluído, conforme ele mesmo compreendera.


A leitura do evangelho de Mateus (Mt 16, 13-19) traz aquele célebre diálogo de Jesus com Pedro, no qual ele lhe dá as “chaves do reino do céu”, apelidando-o ainda de “pedra” sobre a qual se construirá a igreja, texto que serve de fundamento para a controversa doutrina do primado de Pedro. Com efeito, os outros evangelistas trazem esse diálogo de Jesus com Pedro, porém não mencionam o detalhe das “chaves do reino do céu”, somente Mateus. Nem mesmo Lucas, que era um escritor muito minucioso, faz tal referência, limitando-se a dizer que Ele é o Cristo de Deus. (Lc 9, 18). E Mateus completa o discurso de Cristo dizendo que “o poder do inferno nunca poderá vencer” a Igreja. O texto latino é um pouco diferente, ao dizer “portae inferi non praevalebunt adversus eam”, ou seja, as portas infernais não prevalecerão contra ela. Esse trecho foi o que, por volta do século IV, deu origem à doutrina da autoridade superior do bispo de Roma sobre todas as demais igrejas, o que não é aceito pelas igrejas orientais. Sabemos, pela história, que a igreja cristã de Roma foi a última a ser constituída. As igrejas de Constantinopla, de Antioquia, de Alexandria, de Esmirna, da Capadócia, de Éfeso, da Armênia, por exemplo, são todas mais antigas do que a de Roma. Então, por que o bispo de Roma teria autoridade sobre as igrejas mais antigas? Os líderes dessas igrejas orientais nunca aceitaram esse fato, alegando alterações no texto, o que foi objeto de calorosas discussões em diversos concílios, vindo por fim a provocar o cisma das igrejas de língua grega com a igreja de língua latina, no ano 1054. Somente após o Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI começou um movimento de reaproximação da igreja romana com as igrejas orientais, o que vem sendo continuado pelos papas seguintes, com expressivos progressos. O papa Bento XVI, em sinal de deferência, nomeou como cardeais dois prelados orientais e espera-se que, num breve futuro, os elementos de discórdia sejam superados. O Papa Francisco mantém vivos laços de amizade com os líderes orientais, tanto católicos, quando judeus e islâmicos.


Pois bem, podemos concluir que Pedro e Paulo são exemplos para nós de combatentes do bom combate, cada um na sua especificidade. Os estudiosos comentam sobre divergências doutrinárias entre Pedro e Paulo, que eram pessoas de culturas bem diferentes e também de formação diversa, no entanto, dentro dessa diversidade de abordagens o cristianismo, desde o início, tem se desenvolvido e se afirmado. Este é mais um ponto para nossa reflexão, quando nos deparamos com a existência de tendências e grupos até rivais dentro do catolicismo, cada qual querendo se destacar como o mais autêntico. Acima da rivalidade dos grupos e ao lado de qualquer divergência de compreensão está o evangelho de Cristo com a sua mensagem divina e verdadeira, aberta à compreensão de cada um de nós, dentro das peculiaridades de cada época. Independente deste ou daquele grupo, o que nos deve guiar sempre deverá ser a fiel e esclarecida adesão à mensagem de Cristo, que tem a característica divina de uma perene atualidade. Que o Espírito nos ajude a encontrar sempre o melhor caminho para seguir a Cristo com fidelidade.


Cordial abraço a todos.

Antonio Carlos