sábado, 30 de janeiro de 2021

COMENTÁRIO LITÚRGICO - O PROFETISMO E O PROFETA - 31.01.2021

 

COMENTÁRIO LITÚRGICO – 4º DOMINGO COMUM – 31-01-2021 -

 O PROFETISMO E O PROFETA


Neste 4º domingo do tempo comum, as leituras litúrgicas refletem sobre o profetismo. Conforme já comentamos aqui em ocasiões anteriores, o profeta não é aquele que adivinha coisas futuras, como é compreensão comum desta palavra na mente popular, mas profeta é o porta-voz, o arauto, o que fala em nome de Deus. Moisés foi o maior profeta do Antigo Testamento, pois quando ele se comunicava com Javeh, seu rosto ficava resplandescente, de modo que os hebreus não conseguiam nem olhar para ele, tal o brilho que emanava de sua face. No entanto, Jesus Cristo é maior do que Moisés, maior do que qualquer profeta, porque Ele fala em seu próprio nome, fala como quem tem autoridade.


Na primeira leitura, do livro do Deuteronômio (Dt 18, 15-20), lemos a comunicação de Moisés ao povo, estando ele já bastante idoso e sentindo que sua morte se aproxima, dizendo que Javeh vai suscitar no meio do seu povo um outro profeta semelhante a ele, a quem todos deverão ouvir e atender. “Farei surgir para eles, do meio de seus irmãos, um profeta semelhante a ti. Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe mandar.” (Dt 18, 18) E foi assim que Javeh sempre manteve no meio do seu povo um porta-voz, um profeta que transmitia as suas ordens. Contudo, o estilo de comunicação de Javeh com os demais profetas foi diferente do modo como Ele se comunicava com Moisés. Este foi o único com quem Javeh falava diretamente. Quanto aos demais, Javeh se manifestava em sonhos, eles não tiveram mais a face resplandescente como a de Moisés, que atemorizava o povo. Porém, o profeta enquanto porta-voz tem a obrigação de ser fiel à revelação recebida e comunicá-la sem distorções. Daí a advertência de Javeh: “o profeta que tiver a ousadia de dizer em meu nome alguma coisa que não lhe mandei ou se falar em nome de outros deuses, esse profeta deverá morrer ” (Dt 18, 20), este é um falso profeta.


Vemos, assim, que a missão do profeta é importante e perigosa. Importante, porque ele fala em nome da maior autoridade que pode existir; perigosa porque quando Javeh mandar, ele irá falar seja onde for, pra quem for, o que for e isso pode levá-lo a alguma situação de risco, como de fato já levou; e perigosa tb porque se ele falar algo que Javeh não mandou, ou se falar em nome de outros deuses, o próprio Javeh tomará satisfação com ele. Esse temor que o Javeh do Antigo Testamento suscitava no povo, através dos seus profetas, foi o que fez a tradição judaica deixar de pronunciar o “seu santo nome”, pois as ameaças eram fortes e as consequências imprevisíveis. Observando os tempos posteriores, até os dias de hoje, constatamos o quanto as pessoas que hoje se arvoram em “donos” de igrejas e de religiões perderam esse temor. Os falsos profetas de hoje conseguem, com recursos técnológicos e econômicos, seduzir multidões e dominá-las, tornando-se com isso ricos e poderosos.


É ainda oportuno, nesse contexto, lembrar o caso dos fanáticos do islamismo, que se utilizam da sua religião (que em essência é muito parecida com a tradição judaico-cristã) numa interpretação literal e temerária da violência expressa nos textos, e realizam atos bárbaros de ataques públicos e de homicídios, com publicidade nos meios de comunicação, como uma forma de demonstrar poder e impor o medo nas demais culturas. Ouso dizer que, fazendo analogia com o texto do Deuteronômio, esses fanáticos não falam em nome de Alá, mas em nome da própria insanidade, servindo-se do véu religioso dos textos para finalidades totalmente contraditórias. É bem verdade, é forçoso admitir, que em outras épocas, as autoridades cristãs da Europa, também em nome da religião e sob o mesmo pretexto, praticaram barbaridades seja na própria Europa (por exemplo, queimaram Joana D’Arc), seja com os povos do oriente médio (por exemplo: guerras das cruzadas). No entanto, é imperioso analisar esses fatos trágicos dentro de uma visão histórica e crítica, sem transformá-los em motivação para a prática de novos crimes. Creio que, assim como Javeh ameaçou, também Alá adotará severas providências contra tal fanatismo irracionalista.


Na leitura do evangelho de Marcos (1, 21-28), temos a notícia que Jesus ensinava na sinagoga de Cafarnaum, cidade onde ele desenvolveu a maior parte de sua atividade missionária, e o povo o considerava um profeta, mas achava que era um profeta diferente. Ora, na liturgia comemorativa do batismo de Jesus, vimos que Ele dissera, a respeito de João Batista, que este era mais do que um profeta, portanto, o próprio Jesus não poderia ser qualificado como profeta. Diz o evangelista que “Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei.” (Mc 1, 22) Ora, eles não sabiam ainda, mas a diferença estava exatamente no fato de Jesus não falava em nome de Javeh, mas falava em nome próprio, porque Ele era um com o Pai. Daí porque, mesmo perante um povo acostumado a ouvir profetas, a voz de Jesus soava de um modo diferente dos outros, de um modo novo, inaugurado por Ele. Outro detalhe que chama a atenção na leitura é que isso ocorreu num dia de sábado, portanto, Jesus igual a todos os judeus guardava o sábado, comparecia à sinagoga aos sábados. Não é essa a única referência dos evangelhos ao fato de que Jesus cumpria o preceito religioso tradicional dos judeus. Embora tendo autoridade e falando com autoridade, Jesus não deixava de cumprir a lei nem se aproveitava de sua autoridade para diversificá-la.


Na sequência da leitura desse texto (Mc 1, 23-25), o evangelista faz um relato intrigante sobre um dos presentes na sinagoga, que estava “possuído por um espírito mau”. Há pessoas inadvertidas que, interpretando literalmente esse texto, enxergam aí uma prova de que, nos tempos de Jesus, já havia o “espiritismo”, ou seja, veem como se o evangelho estivesse validando a doutrina que hoje leva essa denominação. Muitos biblistas de hoje afirmam que essa referência aos espíritos maus, diversas vezes encontrada nos evangelhos, diz respeito a pessoas com doenças mentais. Não raras vezes, ocorrem nos dias de hoje casos de pessoas portadoras de algum desequilíbrio psíquico que adentram os templos na hora das celebrações e precisam ser contidas ou retiradas, porque passam a fazer ações incompatíveis com o local. E ninguém hoje diz que essas pessoas estão “possuídas por um espírito mau”, porque sabemos (ou ao menos supomos) que se trata de uma enfermidade. Mas naquela época, não se tinha esse conhecimento e a explicação dada era a da possessão por um espírito maligno.


Pois bem, de acordo com o texto, esse homem interpelou Jesus, dizendo: 'que queres tu, Jesus Nazareno, vieste aqui para nos destruir?' Vamos tentar contextualizar essa afirmação, sem pensar em espíritos maus. O que significaria esse “nos destruir”. Lembremo-nos que, naquela época, a Galiléia estava dominada pelos romanos e a população tinha medo dos soldados, pelas violências que eles praticavam contra os que se rebelavam. Jesus era identificado por muitas pessoas como sendo um líder rebelde, como alguém que estaria provocando um levante político naquele momento contra os romanos. Então, essa pessoa pode ter dito isso com esse referencial, isto é, tinha um viés político a sua fala. Quando Jesus disse a esse interlocutor: “'Cala-te e sai dele!' Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu”, neste momento, Jesus operou a cura da enfermidade psicológica daquela pessoa. E agora, vocês podem perguntar: por que então o “espírito mau” possuidor daquele homem teria dito: “Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus'”? Meus amigos, lembremo-nos de que os atos praticados por Jesus não foram documentados imediatamente, não havia repórteres nem escribas acompanhando seus passos. Esses fatos miraculosos eram transmitidos oralmente, de boca em boca, de cidade em cidade, e assim ficaram durante muitos anos antes de serem escritos. Penso que aqui vale a regra “quem conta um conto aumenta um ponto”. O objetivo do evangelho de Marcos era mostrar que Jesus é Filho de Deus, portanto, é possível que esse episódio, certamente verídico, tenha tido uma descrição adaptada ao objetivo do seu escritor. Os biblistas afirmam que o evangelho de Marcos não foi escrito para povos judeus, mas para povos gentios, isto é, pessoas de cultura grega, de costumes gregos. Através da descrição de obras maravilhosas feitas por Jesus, o evangelista queria demonstrar a Sua origem divina. Portanto, a meu ver, o texto citado não contém qualquer suporte a doutrinas ou ensinamentos sobre espíritos, mas tem a finalidade de mostrar a divindade de Jesus através de seus milagres.


Meus amigos, quando nós fomos batizados em do Pai, do Filho e do Espírito Santo, nós recebemos a missão profética de ser sinal para os irmãos, de ser luz do mundo e sal da terra. Reflitamos sobre a maneira como cada um de nós está pondo em prática a nossa missão profética, examinando a nossa fidelidade com esse compromisso.


Com um cordial abraço a todos.

Antonio Carlos

domingo, 24 de janeiro de 2021

COMENTÁRIO LITÚRGICO - O TEMPO OPORTUNO - 24.01.2021

 

O TEMPO OPORTUNO


Na liturgia deste domingo (24.01.2021), as leituras se nos convidam a refletir sobre o tema do tempo. O tempo está chegando, diz o profeta Jonas. O tempo está abreviado, diz Paulo aos Coríntios. O tempo já se completou, diz Jesus aos galileus. Também para nós o tempo é constantemente objeto de preocupação. E por mais que nos pareça algo muito concreto, na verdade, o conceito de tempo é abstrato. Falamos sempre do tempo como se fosse algo corpóreo, contudo, o tempo é apenas uma produção da nossa atividade psicológica, ou seja, é uma forma de conceituarmos essa sensação que captamos diante da evolução dos fatos numa corrente sucessiva. Para melhor controle, as pessoas aprenderam a medir o tempo, a quantificá-lo ou a dividi-lo em fatias (como diz o soneto de Drummond). 

 

Na língua portuguesa, o vocábulo “tempo” é polissêmico, por isso o utilizamos nas mais diversas situações, mas sabemos distinguir mentalmente o seu significado. A título de exemplo, no idioma grego, há duas palavras diferentes para falar do tempo: uma quando a referência é sobre os dias-meses-anos (chrónos) e outra quando a referência é algo indeterminado, um tempo simbólico (kairós), entendido aqui o tempo simbólico como a oportunidade, o momento, a hora certa de fazer algo, ou como dizem os teólogos, o tempo favorável. É neste último sentido que se deve compreender a alusão ao tempo na liturgia de hoje: o tempo favorável para a ação de Deus na história. Esse tempo não vem com hora marcada, nós é que temos de encontrá-lo ou, se for o caso, construi-lo.


A primeira leitura traz a lembrança da missão do profeta Jonas, em Nínive (Jn 3, 1-5). Deus mandara que ele pregasse ao povo de Nínive assim: Se não mudardes o vosso modo de vida, dentro de 40 dias, a esta cidade será destruída. O povo se converteu e Deus suspendeu o castigo que iria mandar. Nínive era a capital da Assíria, uma megalópole daquele tempo, talvez maior do que é Fortaleza nos dias de hoje, porque o texto afirma que eram necessários três dias para atravessar a cidade. Era um local de muitas perversidades, como em toda grande cidade. O profeta Naum chamara Nínive de cidade sanguinária, cheia de mentiras e de roubo (Na 3,1), por isso Javeh iria transformá-la num deserto. Mas com a pregação do profeta Jonas, o rei e os cidadãos se converteram e fizeram penitência, assim o castigo foi evitado. Evidentemente, essa tarefa de Jonas não deve ter sido assim tão simples e de resultado imediato, conforme a descrição do texto, mas o que a liturgia quer destacar aqui é o tempo favorável, que os ninivitas reconheceram e souberam aproveitá-lo. A população da cidade dirigiu seus ouvidos à pregação do profeta e deu-lhe crédito. Devemos também considerar que havia ali um momento favorável, no sentido de que muitos dos habitantes da cidade ainda se recordavam da derrota do rei de Judá, Ezequias, para o rei de Nínive, Senaqueribe, e da humilhação sofrida pelo povo, por isso tiveram maior sensibilidade para ouvir o profeta.


O evangelho de Marcos lido neste domingo (1, 14-20) também faz referência ao início das atividades públicas de Jesus, o que ocorreu após a prisão de João Batista. Alguns domingos atrás, quando comemorou-se o batismo de Jesus, João Batista dizia ao povo que, após ele, viria alguém de quem ele não seria digno de desamarrar as sandálias. Então, a prisão de João Batista foi o tempo favorável para o início da missão profética que Jesus veio realizar. Jesus não iria fazer concorrência com João Batista, até porque este foi o agenciador da chegada d'Aquele, por isso não seria oportuno que ambos atuassem simultaneamente. Essa oportunidade chegou quando João Batista saiu de cena, abrindo-se o espaço para o anúncio da “boa nova”. E um detalhe significativo é que Jesus começou suas pregações na Galiléia, não foi em Jerusalém, a grande cidade da época. Por que na Galiléia? Porque aquela região era habitada por pessoas de diversas origens étnicas e de diversas nacionalidades. Isso teria ocorrido porque a população primitiva daquela região teria sido levada, em sua maior parte, cativa para a Babilônia e a terra ficou desabitada, passando a ser ocupada por pessoas nômades de outras tribos, durante o tempo em que os hebreus permaneceram no cativeiro. Com o retorno do povo hebreu libertado, os novos habitantes se relacionaram bem com aqueles e por esse motivo o local era um misto populacional de diversas origens, razão porque era chamada de Galiléia das Nações. 

 

Então, Jesus escolheu iniciar a pregação do reino de Deus exatamente num local em que a população, além de ser pobre, não era constituída exclusivamente de hebreus, demonstrando logo no início o destino universal dos seus ensinamentos. É essa igreja dos pobres que o Concílio Vaticano II destacou em seus documentos, diferentemente daquela igreja elitizada, como ela passou a ser a partir do seu envolvimento com os imperadores romanos e com os senhores feudais da Idade Média. Esse é o sentido da “opção preferencial pelos pobres”, que tanto o Concílio quanto os documentos oficiais posteriores pretendem resgatar, o que deu origem à doutrina muitas vezes mal entendida e não poucas vezes deturpada chamada “teologia da libertação”.


Esta mensagem acerca do tempo favorável, do momento e da oportunidade nos convida a estar sempre atentos aos “sinais dos tempos”, sempre reavaliando nosso modo de ser, pois Deus está se manifestando a nós de diversos modos nos acontecimentos e às vezes nós não percebemos e deixamos passar aquela oportunidade de praticar o bem.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

COMENTÁRIO LITÚRGICO - A VOCAÇÃO DE CADA UM - 17.01.2021

 

A VOCAÇÃO DE CADA UM
 
O Papa Francisco baixou um decreto dedicando o ano de 2021 a São José, sendo por isso chamado de “ano josefino”. Neste domingo após as festividades de Natal e dos Santos Reis, o tema litúrgico é o chamado ou a vocação de cada um. A nossa vocação está associada à nossa missão, ao nosso objetivo de vida. Cada pessoa possui certas habilidades e tendências inatas, próprias do seu caráter e da sua personalidade, que orientam sua ação na sociedade, de modo que realizar a própria vocação corresponderá a descobrir esses talentos que Deus nos dá em maior abundância e fazer uso deles para o maior bem de nós mesmos, dos irmãos, da sociedade, do reino de Deus, para cujo desenvolvimento nós somos convocados a colaborar. A vocação requer escuta e compromisso. Escuta para que cada pessoa possa identificar o que Deus espera dela. Compromisso para que cada um assuma a sua missão com honestidade e com firmeza, na certeza de que a graça divina não deixará de lhe favorecer.
 
Na leitura retirada do livro de Samuel (3, 10-19), lemos sobre a vocação deste sacerdote e profeta, quando recebeu o primeiro chamado de Javeh. Ele era ainda um jovem e neófito, nunca havia tido contato com o Senhor e por isso não identificou, de início, quem o estava chamando e apresentou-se ao sacerdote Eli, na suposição de seria ele o autor do chamado. Somente depois de ouvir algumas vezes a voz de Deus, instruído por Eli, Samuel conseguiu identificar a origem do chamamento. Isso também pode acontecer conosco, embora, muitas vezes, já não sejamos jovens de idade como o Samuel da leitura, mas nem sempre conseguimos ouvir ou identificar com clareza o chamado que nos chega da parte de Deus. Este chamado em geral não é assim tão nítido e insistente, como aconteceu com Samuel, às vezes, ele é sutil e delicado, como é o caso de quando vem através da voz do irmão necessitado, do próximo que pede a nossa ajuda, por exemplo. As pessoas escolhem suas profissões de acordo com essa predisposições naturais e as aperfeiçoam com estudo e com treinamento. Toda atividade profissional não é exercida apenas para o bem estar da própria pessoa, mas cumprindo uma missão na sociedade, que todos nós ajudamos a construir. A teologia chama essa escolha profissional de chamado divino. Cada um prossegue no atendimento a esse chamado, contribuindo para a maior glória de Deus nas tarefas do dia a dia como cidadãos, dando aos irmãos exemplos de vida pessoal e profissional, na fidelidade do seguimento da mensagem de Cristo.
 
É interessante observarmos que Javeh chamou Samuel enquanto ele dormia. No Antigo Testamento, há diversos exemplos de casos em que Javeh fala diretamente com alguém, não se servindo de um intermediário, um portavoz. E a metodologia dessa mensagem com frequência está associada ao sonho. Era comum que as pessoas escolhidas por Javeh recebessem mensagens divinas através de sonhos. Há vários exemplos na escritura sagrada sobre os sonhos dos “navis” (profetas), eram uma espécie de revelação que eles recebiam de Deus, assim como aconteceu com Samuel. 
 
A palavra “profeta” surgiu na tradução da escritura para a língua grega, quando a palavra hebraica “navi” foi traduzida por “prophaités”, palavra esta derivada do verbo grego “phainow” (falar), então o profeta é aquele que fala em nome de alguém. No antigo testamento, o “navi” trazia um recado de Javeh, o qual ele havia recebido geralmente através de um sonho, daí porque foi traduzida por “pro-phaités”. Visto que, no mais das vezes, os fatos abordados se referiam a eventos futuros, gerou-se uma tradição de que profeta é aquele que é capaz de prever acontecimentos, como se fosse um adivinho, sendo esse o significado semântico mais usual. Na verdade, “profetas” somos todos nós quando, através das nossas atitudes, nossas palavras e nosso testemunho demonstramos para os irmãos a nossa característica de cristãos e, mesmo sem proferir discursos ou pregações, somos eloquentes no agir e no fazer. 
 
Nesse contexto, cada um de nós é convidado a refletir de que modo, nas nossas vidas, na familia, no trabalho, no lazer, no estudo, na educação dos filhos, na vida social em geral nós prosseguimos com sinceridade sendo fiéis ao chamado que nos foi dirigido por Deus.

domingo, 10 de janeiro de 2021

COMENTÁRIO LITÚRGICO - BATISMO DO SENHOR - 10.01.2021

 

COMENTARIO LITURGICO – BATISMO DO SENHOR – 10.01.2021


Neste domingo após a Epifania, celebramos a festa do Batismo do Senhor. Na verdade, Jesus não precisava ser batizado, porque o seu “batismo” oficial se deu quando ele foi apresentado no templo, de acordo com a lei de Moisés. Além disso, o batismo de João tinha por objeto o perdão dos pecados, para aplainar os montes e endireitar as veredas, ou seja, a “metanóia” ou a conversão ou a mudança de vida, sendo o mergulho do batismo o símbolo dessa mudança: o batizado ressurge das águas como um novo fiel, purificado dos seus pecados. Não era esse o caso de Jesus, ele não tinha pecados a purificar. Por isso, penso que o fato de Jesus ter entrado na fila para ser batizado por João, tinha tripla finalidade: primeiro, abençoar as águas do rio Jordão como símbolo de todas as águas da terra, que algum tempo depois seriam utilizadas para o batismo dos cristãos; segundo, dar um caráter oficial àquela catequese preparatória do povo, feita por João, antes que Ele (Jesus) iniciasse a pregação da sua doutrina; terceiro, fazer a sua apresentação pública, pois até então ele vivera anonimamente, e agora seria apresentado oficialmente como Filho de Deus, pois foi nessa ocasião que, pela primeira vez, ocorreu a manifestação da Trindade divina.


O tema do batismo é um dos que desperta mais polêmica entre a Igreja Católica e as demais igrejas cristãs, por diversas razões históricas, que todos conhecemos, porém penso que as querelas mais significativas se concentram em dois pontos: 1. o batismo de crianças recém-nascidas, fato que não ocorria no início do cristianismo, tendo sido introduzida como prática posteriormente; 2. o ritual do batismo por mera aspersão (derramamento de pouca água na cabeça do batizando) e não por imersão (mergulho na água), como era o batismo original de João.


Em relação a essa crucial polêmica, o fato histórico é que nem sempre o batismo foi realizado por imersão do fiel. No Novo Testamento, diversos relatos sobre o batismo sugerem uma outra forma de batizar, como por exemplo, em Atos 16, 33, quando Paulo batizou pessoas na prisão, certamente ali não tinha como fazer a imersão dos batizados. O batismo do próprio Paulo por Ananias (Atos 9, 18), realizado na casa de Judas, não deve ter sido por imersão. Do mesmo modo, o episódio ocorrido no dia de Pentecostes (Atos 2, 37-41), quando cerca de 3.000 pessoas foram batizadas após a pregação de Pedro, não deve ter sido por imersão. Ou seja, desde os primeiros tempos do cristianismo, já se praticava o batismo por aspersão, não tendo sido “invenção” dos padres medievais, como insinuou Lutero quando se opôs a essa prática, porque queria retornar ao fundamentalismo do texto. Aliás, Lutero não se opunha apenas ao ritual da aspersão, mas também ao fato de que a Igreja aprovava o batismo de crianças bem pequenas, em vez de batizar apenas os adultos. Embora eu reconheça que há um certo exagero nessa antecipação do tempo batismal para a infância, creio que há razões teológicas que a justificam, entre as quais destaco duas fundamentais: 1. o fato de que a pessoa deve ser purificada do pecado (no caso da criança, o pecado original) o quanto antes possível, ou seja, logo após ao nascer, sem esperar a idade adulta; 2. embora a criança de pouca idade não saiba o que está ocorrendo, a Igreja age como mãe amorosa e faz isso por ser o melhor para o pequeno fiel, assim como toda mãe só quer o bem dos filhos, ficando com os pais e padrinhos a responsabilidade de ensinar a criança e conscientizá-la, quando tiver entendimento. É assim que o catecismo ensina, é assim a doutrina oficial da Igreja Católica.


Saindo dessas polêmicas histórico-doutrinárias e analisando agora sob o aspecto gramatical, o vocábulo batizar deriva do verbo grego BAPTIZÔ, que significa mergulhar, submergir, mas também lavar. Por exemplo, batismo já foi uma espécie de pena de morte, em que se mergulhava o condenado até ele morrer afogado. Em Lucas (11, 38), quando os fariseus se admiraram porque os discípulos de Jesus não lavavam as mãos antes de comer, a frase latina é “quare non baptizatus esset” (liberalmente, “porque não tinham se batizado”) e a frase grega é “ou proton ebaptiste”, demonstrando assim o significado do verbo “baptizô” no sentido de lavar. Ora, para lavar as mãos, não é necessário sempre as mergulhamos em água, muitas vezes apenas derramamos água sobre elas. Ou seja, além dos aspectos puramente doutrinários, há ainda o suporte favorável do estudo linguístico dos termos.


Em algumas igrejas cristãs não católicas que eu conheço, prepara-se uma espécie de piscina ou tanque grande cheio de água para o ritual do batismo por imersão. A meu ver, trata-se de uma prática desvirtuada do sentido original do batismo de João, pois deveria ser realizado em uma fonte de água natural. Isso, sem esquecer os aspectos práticos da água esparramada, das vestes encharcadas, do constrangimento por que passam as pessoas, sobretudo as mulheres, que têm seus corpos expostos desnecessariamente... Ora, se é para seguir o ritual, então, que se o sigamos por completo. Pessoalmente, eu não vejo sentido nesse tipo de ritual, que pode ser simplificado sem perder o seu sentido e a sua finalidade. Em síntese, digo que a forma de realizar o batismo, se por imersão ou por aspersão, não é relevante, e sim a fé que deve motivar o fiel a receber o batismo. No caso de crianças pequenas, a fé é dos adultos que as levam a batizar e que se comprometem a catequizar o batizado na mesma fé que professam.


Acerca das leituras litúrgicas dessa festa, o evangelho de Marcos (1, 7-11) relata o batismo de Jesus por João, o qual dizia que depois dele viria alguém bem maior, de quem ele não era digno nem de desamarrar as sandálias. Culturalmente, o ato de desamarrar as sandálias era próprio dos servos, que assim o faziam com o seu amo, e João se colocava desse modo como inferior a um servo. E diz o evangelista: “Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia, e foi batizado por João no rio Jordão. E logo, ao sair da água, viu o céu se abrindo, e o Espírito, como pomba, descer sobre ele.” A fama de João era conhecida em toda a Judeia, Galileia, Samaria, em toda aquela região conhecida genericamente como Syria, onde ele tinha muitos discípulos e seguidores. Então, Jesus saiu de Nazaré para ter com João propositalmente, para dar continuidade ao trabalho dele, fez uma espécie de homologação dos seus atos preparatórios e assumiu dali em diante a tarefa de cumprir a promessa do Pai. O evangelista Marcos não diz nada a respeito, mas Mateus (13, 14) relata que João reconheceu Jesus e não queria batizá-lo, exatamente por causa do seu discurso de acerca da superioridade de Jesus em relação a ele e só a muito custo concordou em fazê-lo. Ora, se Jesus tinha tido até então uma vida oculta, como foi que João soube de quem se tratava? Com certeza, foi o “espírito” quem lhe indicou isso.


Então, foi no batismo de Jesus o primeiro momento em que se manifestou a Trindade divina, que “ao sair da água, viu o céu se abrindo, e o Espírito, como pomba, descer sobre ele. E do céu veio uma voz: 'Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer'”, isto é, o início da vida pública de Jesus foi oficialmente declarado pela presença das três pessoas divinas. Provavelmente, naquele momento, somente João e Jesus viram a manifestação do Espírito e ouviram a voz do Pai, ainda não era o momento para que os convertidos tomassem conhecimento desse mistério. O testemunho de João deve ter sido a fonte de onde esse fato passou para textos primitivos que deram origem aos evangelhos, compilados após a ressurreição de Jesus.


Já por vários anos, tenho observado que está-se tornando comum o batismo de pessoas adultas, como era bem no princípio do cristianismo. Por ocasião da celebração da Vigília Pascal, aqui na nossa Paróquia, há sempre um grupo de pessoas adultas a receberem o batismo, como parte integrante da cerimônia. Desenvolve-se uma catequese específica para preparação do batismo de adultos, tal como era nos primórdios do cristianismo. Ninguém põe em dúvida que a opção pelo batismo na idade adulta é muito mais significativa do que o batismo das crianças, porque tem-se um ato de vontade do próprio fiel e não de seus pais. Então, aquela antiga polêmica do batismo de crianças já não tem mais tanta importância nem desperta mais tanta polêmica, como foi no passado.


Que o divino Espírito nos inspire a viver o nosso batismo no dia-a-dia da nossa caminhada existencial, testemunhando diuturnamente, através do nosso comportamento, o compromisso assumido na pia batismal.


Com um cordial abraço a todos.
Antonio Carlos

sábado, 2 de janeiro de 2021

COMENTÁRIO LITÚRGICO - EPIFANIA DO SENHOR - 03.01.2021

 

COMENTÁRIO LITÚRGICO – EPIFANIA DO SENHOR – 03.01.2021


Caros Leitores:


Celebramos, na liturgia deste domingo, a festa da Epifania do Senhor, cuja data original é 6 de janeiro. A tradição popular sempre se refere a três Reis Magos, porém não há evidências de que eles eram reis e nem de que eram três. O evangelho de Mateus fala apenas que “alguns magos” vieram do Oriente. Talvez pela alusão aos três presentes ofertados, deduziu-se que eram três, no entanto, os presentes fazem parte do simbolismo que o evangelista quis atribuir à pessoa do Messias, a luz das nações. E ainda a expressão “magos” não se vincula à magia, no sentido que hoje se atribui a essa palavra, mas ao fato de que eles seriam estudiosos dos fenômenos cósmicos, a ciência dos astros, algo que no passado se chamava de astrologia, isto é, o conhecimento adquirido através do estudo dos corpos celestes. E foi assim que eles observaram um incomum alinhamento dos planetas e compreenderam que aquilo era o sinal de um grande evento, combinando esse fato com alguns oráculos antigos. A Epifania do Senhor designa a universalidade da salvação trazida por Cristo, isto é, a sua manifestação aos pagãos, aos povos não pertencentes ao povo de Israel. A vinda de Jesus interessa ao mundo todo, não só aos judeus.


No passado, Javeh estabelecera uma aliança com o líder de um povo determinado e fizera-lhe promessas de se disseminarem por toda a terra. No modo de pensar daquele tempo, eles entenderam isso pela ótica da materialidade e da genealogia, contudo, com a chegada do Messias, a promessa se cumpriu e não foi pela trilha da genética e da hereditariedade cromossômica, mas seguiu a rota da vocação à santidade, oferecida a todos os povos, através do evangelho. A presença dos magos vindos do Oriente é o primeiro sinal da universalidade da salvação trazida por Cristo, mesmo antes que os fatos concretos da redenção tivessem ocorrido. O texto bíblico não informa de que cidade eles vieram, mas apenas que vieram de terras distantes no oriente, guiados pela estrela. O evangelho fala somente que os 'magos' seguiram a estrela, a qual lhes teria indicado o local onde encontrariam Aquele de quem as profecias antigas faziam menção. Sim, eles eram pessoas de fé e de ciência, numa época em que essas duas realidades se confundiam numa só. Muito provavelmente, eles eram sacerdotes de uma religião diferente, talvez do zoroastrismo, religião fundada por Zaratustra, cerca de 1.500 anos antes de Cristo e praticada na região da Babilônia, que hoje corresponde ao Irã. Para os propósitos do evangelista Mateus, não interessa efetivamente quem eram nem mesmo se eram aquilo, pois o objetivo é mostrar que o Messias, em primeiro lugar, é aquele a quem os profetas mais antigos se referiram e, em segundo lugar, que a sua vinda não se restringia a um determinado povo ou a pessoas de uma determinada região geográfica, mas alcançaria também gentios e pagãos, realizando a promessa divina de um modo novo e inesperado.


Na primeira leitura, do livro de Isaías (60, 1-6), aparece claramente o sentido da universalidade do Messias, quando o Profeta se refere a Jerusalém como um local onde se congregam povos de diversas origens: “Os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora. Levanta os olhos ao redor e vê: todos se reuniram e vieram a ti.” Jerusalém já não é mais a capital apenas do povo hebreu, mas de todas as nações. “Com eles virão as riquezas de além-mar e mostrarão o poderio de suas nações”, desse modo, o Profeta vaticina a transformação de Jerusalém numa cidade onde haverá a confraternização de todos os povos, pois eles se dirigem a ela não com o objetivo de domínio ou de fazer negócios, mas para proclamar a glória do Senhor. Na figura alegórica do Profeta, vislumbra-se a Jerusalém de Judá como a antecipação da Jerusalém celeste, ou seja, a Igreja de Cristo, que se estenderá a todos os povos e a todos os lugares. E se existirem povos inteligentes em outros planetas e em outras galáxias (afirma-se que somente na Via Láctea existem 36 planetas similares à terra), também para eles se destina a missão dada por Cristo: “ide e ensinai a todos os povos”. Da mesma forma que, até a Idade Média, quando não se conheciam as terras do continente americano, pensava-se apenas no mundo europeu, mas logo que se descobriram outras paragens, os missionários trouxeram a mensagem cristã para a nossa região, assim também, quando novas comunidades intergalácticas de seres inteligentes forem encontradas, competirá a nós a tarefa de missionar as novas regiões, cumprindo o mandamento de Cristo.


Vemos, na carta de Paulo aos Efésios (3, 2-6), um testemunho interessante do Apóstolo acerca do “mistério” que lhe foi comunicado por revelação, qual seja, “os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho.” Ora, o próprio Paulo não conheceu pessoalmente a Jesus Cristo, não ouviu Seus ensinamentos, não participou do processo pedagógico do grupo de galileus, aos quais Jesus tentou ensinar, durante três anos, a sua mensagem, a sua “nova lei”. Ele próprio, Paulo, era um judeu da diáspora, semelhante a um gentio, e a revelação que ele recebeu de Cristo diz respeito exatamente ao fato de que a salvação não está restrita ao povo da antiga aliança, isto é, os pagãos também são chamados para fazerem parte do povo de Deus. Foi isso que os fariseus nunca entenderam na pregação de Jesus, foi por isso que não o reconheceram como o Messias, porque pensavam a salvação em termos nacionalistas e étnicos, porque liam as escrituras de uma forma meramente literal e fechada e isso os impedia de ver, no texto sagrado, um novo sentido mais amplo e mais flexível. Paulo recebeu esses ensinamentos por revelação e tratou de transmiti-los através da sua pregação, do seu exemplo, dos seus escritos, da sua própria vida, devotada ao evangelho. A só presença de Paulo e a sua atividade missionária comprovam essa nova dimensão da antiga aliança, ensinada por Cristo. O evangelho de Mateus fala dos magos vindos do Oriente; as cartas de Paulo se destinam aos gentios do Ocidente; a junção das duas perspectivas nos dá a dimensão maior da envergadura que comporta a mensagem cristã.


Sobre a leitura do evangelho (Mt 2, 1-12), é curioso observar que nem Lucas nem Marcos se referem ao episódio da visita dos “magos”, sobretudo Lucas, que foi o evangelista portador dos maiores detalhes particulares da infância de Cristo. É de se imaginar que a visita de “magos” vindos do estrangeiro nos primeiros dias após o nascimento de Jesus devia ter sido um fato importante, no entanto, Lucas não obteve essa informação. Ademais, se fizermos as contas, a provável chegada desses magos teria encontrado o Menino Jesus já com alguns meses de idade, considerando que a visão da “estrela” teria ocorrido no nascimento e considerando a distância de onde eles se encontravam, uma viagem no lombo de camelos deveria demorar pelo menos uns três meses até Belém. Provavelmente, os magos tiveram de ir até Nazaré para ver o menino. Como se vê, existem muitas incongruências envolvendo essa narrativa da vinda dos magos, de modo que nunca se saberá com certeza o que há de realidade nesses fatos e por isso, mais uma vez, fica evidenciado que não se deve ler e interpretar a Bíblia de forma literal. Mas visto que os evangelhos não são propriamente registros históricos e sim proclamações de fé das comunidades primitivas, o que mais importa nessa narrativa é a doutrina da universalidade da salvação.


O evangelista Mateus tem um propósito deliberado de demonstrar que Jesus é o Messias prometido, aquele de quem falam as profecias. Ele faz todo um esforço para compor a narrativa, unindo os fatos com os textos proféticos, harmonizando-os e integrando-os. Daí que ele vai buscar um texto antigo do profeta Miquéias (Mq 5, 2) e o insere no contexto do diálogo de Herodes com os “magos”, quando os sacerdotes e doutores da lei revelaram a cidade de Belém como a terra natalícia do Messias. Diz o Profeta: “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel.” O codinome “efrata” associado a Belém, de acordo com os estudiosos, é uma referência aos descendentes de Efraim (os efratas), que teriam sido os fundadores da cidade. Efrata era também o nome da esposa de Caleb, um dos líderes do povo de Israel, juntamente com Josué, após a morte de Moisés. De acordo com a tradição judaica, Efrata seria um nome correspondente a Míriam, que é o nome original de Maria, a mãe de Jesus. Gramaticalmente, “efrata” é também um substantivo que significa “terra frutífera”, terra boa de plantar. Por sua vez, a palavra Belém (em hebraico, bait +lehem=casa do pão) indica um local de grande fartura, onde existe alimento em abundância. Verifica-se, desse modo, um grande acúmulo de significados, cada qual o mais interessante, associado à cidade de Belém, os quais a qualificam como um local privilegiado. Daí porque o Profeta diz que, embora pequena cidade, ela não é menos importante do que as maiores, porque dela sairá aquele que irá governar Israel. Vê-se, com isso, que o evangelista Mateus era também um profundo conhecedor das antigas escrituras.


Meus amigos, no meio de tantas informações, nem sempre coerentes, o que nos interessa é destacar o símbolo da universalidade da mensagem cristã, quando os tempos se completaram e o Verbo se encarnou.


Cordial abraço a todos.

Antonio Carlos