domingo, 27 de junho de 2021

COMENTÁRIO LITÚRGICO - 13 DOMINGO COMUM - 27.06.2021

 

COMENTÁRIO LITÚRGICO – 13º DOMINGO COMUM – DEUS DA VIDA – 27.06.2021


Caros Confrades,


As leituras deste décimo terceiro domingo do tempo comum trazem como destaque o zelo da palavra de Deus pela vida. Deus não quer a morte, ele criou todas as coisas para que existissem placidamente, não há o veneno da morte nas criaturas, assim diz o Livro da Sabedoria (1, 13). O apóstolo Paulo exorta os cristãos de Corinto, cidade onde viviam pessoas mais prósperas financeiramente, sobre a necessidade de promoverem a ajuda das comunidades mais necessitadas, repartindo com estas aqueles bens que possuem com fartura (2Cor 8, 9). Por sua vez, Jesus realiza duas ações miraculosas de grande efeito para a restauração da saúde e da vida, conforme narra o evangelista Marcos (5, 21). Nesses domingos do tempo comum, sempre a liturgia passeia pelos temas fundamentais da religião cristã, sendo este domingo reservado para a celebração do Deus que dá e protege a vida de todos os entes de sua criação.


O Livro da Sabedoria é, cronologicamente, o último livro do Antigo Testamento, tendo sido escrito no final do Séc. I A.C., após o retorno do exílio da Babilônia, por um sábio judeu residente em Alexandria. No passado, atribuía-se a autoria deste livro ao rei Salomão, porém, estudos técnicos comprovaram que é um compêndio mais recente. Este livro é chamado “deuterocanônico”, isto é, não faz parte da Bíblia original dos judeus, que por isso não o reconhecem como um dos seus livros sagrados. Mas a Igreja Católica o referendou, tendo em vista a grande credibilidade que este escrito possuía nas comunidades judaicas do pós-exílio, considerando-o verdadeiramente inspirado. O autor, cujo nome é desconhecido, estampa nesta obra uma síntese refinada de toda a sabedoria judaica, herdada de séculos de tradições de seus anciãos, repassando-a para as novas gerações, numa época em que a cultura grega ampliava sua influência sobre a religião judaica. Daí a importância que o seu autor atribui às origens da sabedoria, que provém de Javeh, não da idolatria nem dos filósofos gregos pagãos. Por isso, logo no início, o autor relembra os judeus de que Javeh é o Deus da vida, ele não fez a morte, ele não tem prazer na destruição dos seres vivos. “Deus criou o homem para a imortalidade e o fez à imagem de sua própria natureza; foi por inveja do diabo que a morte entrou no mundo” (2, 23). Essa é a autêntica tradição hebraica presente na Torah e em toda a tradição judaica, mas esta crença fundamental corria risco diante das ameaças das doutrinas alienígenas. Por isso, o autor sapiencial enfatiza com outras palavras aquilo que diz o Gênesis, quando afirma que Deus contemplou a sua obra e viu que tudo era bom (Gen 1, 31). Até o salmista (Ps 29, 2) participa dessa ideia de louvação ao Deus da vida, quando diz: “Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes, e não deixastes rir de mim meus inimigos! Vós tirastes minha alma dos abismos e me salvastes, quando estava já morrendo!”


Nesta mesma linha de pensamento sobre a valorização da vida e do bem-estar das pessoas, o evangelista Marcos (5, 21) narra dois episódios entrelaçados, mostrando a realização por Jesus de uma importante cura e da ressurreição de uma pessoa morta. A cura de uma mulher que sofria, há muitos anos, de uma hemorragia incurável (provavelmente um tipo de câncer) é um dos exemplos mais emblemáticos da divindade de Jesus. Narra o evangelista que essa mulher (não declina seu nome) já tinha gasto todos os seus bens com tratamentos médicos e sempre piorava, em vez de melhorar. Na sua humildade e extraordinária fé, ela acreditou que se apenas tocasse nas vestes de Jesus ficaria curada. E fez isso de forma tão suave e sem que ele visse, de modo que não chamasse a sua atenção. Faz até lembrar aquele episódio da cura do servo do centurião romano, cujas palavras passaram a fazer parte do cânon da missa: “Senhor, eu não sou digno de que vás à minha casa, basta dizer uma palavra daqui mesmo.” (Mt 8, 5). A mulher acreditou ainda mais: nem seria preciso Jesus proferir palavra alguma, bastaria que ela o tocasse. Porém, Jesus percebeu que “uma força saíra dele” (Mc 5, 30). Quem me tocou? Perguntou ele. Algum discípulo (provavelmente Pedro, o que tinha a língua mais solta) até o repreendeu por aquela pergunta, pois no meio de um grupo de pessoas que se comprimiam ao redor de Jesus, ele deveria estar sempre topando em alguém. Mas Jesus diz: não é isso, foi um toque “diferente”, podemos dizer, um toque de fé, um raio invisível de fé que atraiu outro raio invisível, esse de cura. E a mulher, tremendo de medo por haver “usurpado” algo de Jesus, prostrou-se diante dele pedindo perdão. Talvez a mulher tivesse receio de que Jesus voltasse atrás na graça concedida, mas Ele queria apenas cientificá-la de que havia captado a força da sua fé. Eu considero essa cura uma das mais “extraordinárias” realizadas por Jesus, na realidade, todas são extraordinárias, mas sempre são antecedidas de algum pedido da pessoa interessada ou de alguma palavra de Jesus. Neste caso, vemos que tanto Jesus como a mulher curada vieram a se manifestar somente após o evento, para nos mostrar que a fé não depende de palavras.


Segundo o evangelista Marcos, Jesus estava a caminho da casa de Jairo, um chefe da sinagoga, para atender a um pedido deste objetivando a cura da filha dele. Aqui nós podemos observar um detalhe interessante: Jairo era um “chefe de sinagoga”, ou seja, era um fariseu, doutor da lei, uma pessoa instruída na religião judaica, que presidia as reuniões do culto e fazia a leitura e a explicação das escrituras. Em outras palavras, era uma espécie de sacerdote dos dias de hoje. Acho importante destacar isso porque, em geral, os fariseus eram, em geral, inimigos de Jesus, não acreditavam que ele fosse o Messias, discutiam com ele publicamente e o rejeitavam. Trata-se, pois, de uma atitude oposta aquela realizada por Jairo, ao pedir a Jesus que lhe curasse a filha. Ele acreditava em Jesus, doutro modo, não teria feito aquele pedido. E ele era uma pessoa importante na comunidade, tanto que seu nome foi conservado pela tradição oral, chegando até ao conhecimento do evangelista. São raros os nomes de pessoas beneficiadas pelos milagres de Jesus, cujos nomes estão escritos nos evangelhos. Uma outra informação curiosa nesse contexto é o termo “synagoga”, que é de origem grega. No tempo de Jesus, esse termo não existia, pois os judeus referiam-se ao local das reuniões (assembleia) como “beit-knesset” (casa de reunião). A palavra sinagoga provém do grego “syn” (com) e “agogê” (ensinar, educar), isto é, assembleia onde os fiéis aprendiam a palavra de Deus. Etimologicamente, syn-agoge está relacionada com uma palavra muito comum nos nossos dias: paidós-agoge (pedagogia), literalmente, ensino das crianças.


Pois bem, enquanto Jesus dava atenção à mulher com a doença hemorrágica, vieram os vizinhos informar a Jairo que a filha dele havia morrido, ou seja, Jesus chegaria tarde demais para realizar a cura. No entanto, podemos considerar que a demora de Jesus foi proposital, para mostrar àquele povo incrédulo que ele tinha poder maior do que realizar uma cura, tinha poder para restituir a vida a quem a houvesse perdido. E assim aconteceu. Alguns dos presentes até zombaram quando ele disse “a menina não morreu, está apenas dormindo”, pois eles tinham visto a menina morrer. Eu fico imaginando a cara deles quando viram a menina caminhar até a cozinha da casa, para fazer uma refeição. O Deus da vida provou que tem poder sobre a morte e todo aquele que nele crer não morrerá para sempre. O evangelho não relata os fatos posteriores à ressurreição da filha de Jairo operada por Jesus. Mas, pode-se deduzir que ele, assim como toda a sua família, e certamente também parte daqueles “assistentes” imbuídos de boa fé acreditaram na sua filiação divina e tornaram-se discípulos.


Em sintonia com esse pensamento favorável à vida saudável e feliz está a epístola de Paulo dos cristãos de Corinto. Não se trata, neste caso, de cura nem de ressurreição, mas de manutenção da vida humana em condições dignas. A cidade de Corinto era o local onde ficava um porto marítimo muito movimentado, o principal porto do Mar Egeu, cidade populosa e de grande atividade comercial. Paulo morou vários anos em Corinto, onde pregou o evangelho e criou uma fervorosa comunidade entre a população de maioria grega, mas também composta de muitos estrangeiros ali residentes, todos de cultura grega. Ao sair dali a fim de continuar a sua missão, Paulo encontrou outras comunidades mais pobres, onde as pessoas eram trabalhadoras e fiéis ao evangelho, porém, passavam necessidades de ordem material, carência de bens, dificuldades de alimentação. Por isso, na segunda carta escrita aos cristãos de Corinto, após exortá-los acerca da manutenção da fé, Paulo lembra a eles acerca da partilha, da distribuição dos bens, que eles possuíam em abundância, para as outras comunidades onde havia mais necessidade e carência. Apela, então, para a generosidade da qual Jesus deu grande exemplo, e que faz parte dos requisitos existenciais de todo cristão. Diz ele: “Não se trata de vos colocar numa situação aflitiva para aliviar os outros; o que se deseja é que haja igualdade. Nas atuais circunstâncias, a vossa fartura supra a penúria deles e, por outro lado, o que eles têm em abundância venha suprir a vossa carência.” (2Cor 8, 13-14) .


A partilha nos tempos de penúria é a grande mensagem de Paulo na liturgia deste domingo. Nos dias atuais, em que todos sofrem com a pandemia, acontece uma situação similar àquela descrita por Paulo: algumas pessoas se encontram num modo de vida mais estável, enquanto outros amargam necessidades, que independem de sua vontade e do seu engenho. A fé cristã nos desafia a ser solidários, na medida das possibilidades de cada um. O modo de fazer isso não é um padrão a ser proposto ou ensinado, mas uma intuição que cada um de nós, na oração e perante a sua consciência, poderá encontrar para cumprir a sua vocação de autêntico cristão.


Cordial abraço a todos.

Antonio Carlos

sábado, 19 de junho de 2021

COMENTÁRIO LITÚRGICO - 12 DOMINGO COMUM - 20.06.2021

 

COMENTÁRIO LITÚRGICO – 12º DOMINGO DO TEMPO COMUM – O MAR DA VIDA – 20.06.2021


Caros Confrades,


Neste 12º domingo do tempo comum, a liturgia nos leva a contemplar a simbologia do mar no contexto bíblico. Dada a sua imensidão, a figura do mar gera uma ideia de grande poder; mas ao mesmo tempo, dadas a sua impetuosidade e sua imprevisibilidade, traz também a ideia de grande mistério, de grande temor, todas essas associadas ao seu imensurável potencial de produção de vida e de alimentos, desde os tempos mais remotos. De acordo com a história bíblica da criação, o mar vem no segundo lugar de importância entre as coisas do universo, logo após a luz. A narrativa bíblica da criação demonstra que, desde tempos muito remotos, a figura do mar sempre impressionou os seres humanos, seja pelos benefícios que proporciona, seja também pelos malefícios que muitas vezes causa. O mar é fonte de vida e de morte, de energia que pode levar à produção ou à destruição. Considerando que a luz é produzida por um astro fora do nosso planeta, temos que o mar é a força terrestre mais poderosa, impávida e ao simultaneamente amedrontadora. Vivemos a nossa vida dentro dele e/ou dependendo dele, seja qual for o sentido que o consideremos.


Na primeira leitura, retirada do livro de Jó (38, 8-11), Javeh fala ao Profeta, de dentro da tempestade, com a sua voz tonitruante: quem fechou o mar com portas, colocando-o em seus limites e dizendo 'até aqui chegarás, e não além'? Quem, senão Ele próprio? Essa fala de Javeh se deu no contexto em que Jó se queixava que Ele o havia abandonado e com isso Javeh vai demonstrar o tamanho do Seu poder, usando a figura do mar. Ora, se o mar é tão poderoso e indomável, aquele que tem poder de dominá-lo é muito mais forte e potente. A grandiosa força que é reconhecida no mar serve de contraponto para comparação com a potência de Javeh, que é muito maior. Por mais que Jó não entenda o que se passa com a sua vida, Javeh lembra ao Profeta, com a sua voz de trovão, que a sua fé deve estar acima e além dos imprevistos dos acontecimentos, pois o poder divino é quem estabelece o controle sobre tudo isso. O texto da leitura litúrgica não vai até o fim desse diálogo entre Javeh e Jó, que é bastante logo, mas para contextualizar, fui em busca da resposta do Profeta. Depois que Javeh expõe a Jó muitas demonstrações do seu incalculável poder, o Profeta finalmente dá-se por convencido e no cap. 40, 4-5, ele ousou balbuciar: “Sou indigno; como posso responder-te? Ponho a mão sobre a minha boca. Falei uma vez, mas não tenho resposta; sim, duas vezes, mas não direi mais nada.” Jó “engole seco as palavras” que disse e não mais se queixa ao Senhor, aceitando a sua condição de vida. A pedagogia do mar levou Jó à consciência de si próprio e lhe rememorou a grandeza do Criador, para que se mantivesse firme na sua fé.


Na leitura do evangelho de Marcos (4, 35-41), a imagem do mar aparece novamente associada a uma grande demonstração de poder por parte de Jesus, com o objetivo de fortalecer-lhes a fé na sua pessoa enquanto Filho de Deus. No final da tarde, Jesus cansado de mais um dia de pregações e peregrinações, vendo que a multidão não se dispersava, pediu aos apóstolos que o levassem para a outra margem do Mar da Galileia. Na verdade, não se trata do oceano, o mar comum que estamos habituados a ver, mas sim trata-se de um grande lago alimentado pelas águas do rio Jordão, daí o seu nome ser também Lago de Tiberíades ou Lago de Genesaré. Era ali que os apóstolos exerciam o seu mister de pescadores, quando foram chamados por Cristo para a missão. A distância maior de uma margem a outra é de apenas 13 km, o que não é grande coisa, se compararmos, por exemplo, com a largura do rio Amazonas, cuja distância entre as margens chega a 50 km em algumas paragens, a ponto de não ser possível ver a margem oposta. Nessa escala geográfica, o Mar da Galileia não possui uma tal dimensão de poder quanto o oceano, de modo que se pode até atribuir um certo exagero na descrição do evangelista Marcos, quando ele diz que “Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher, ” (4, 37) dando a impressão de que a embarcação corria risco de afundamento, deixando os passageiros com muito medo. Não deve ter sido tanto assim. Enquanto isso, Jesus dormia tranquilamente indiferente àquele perigo.


A narrativa do evangelista tem o claro objetivo de demonstrar, de um lado, as vacilações na fé dos apóstolos e, de outro, o poder divino de Jesus. Mesmo que a magnitude das ondas não fosse do porte de provocar uma real possibilidade de sossobro, o que está sendo posto em evidência é o fato de que Jesus tem poder de acalmar o vento e dominar o mar. E Jesus pergunta: por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé? Propositalmente, o evangelista adiciona um sutil detalhe: após as ondas acalmarem, os apóstolos perguntam-se entre si: “'Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?' (4, 41) Seguindo a mesma linha de raciocínio da leitura do livro de Jó, comentada acima, este trecho do evangelho quer chamar a atenção para a origem divina de Jesus e para o seu poder, que é semelhante ao poder do Pai, aquele mesmo que falou a Jó no meio da tempestade. Quem tem poder de estabelecer limites para o mar indomável, senão o seu Criador? Quem tem poder para acalmar as ondas, senão o Filho do Criador? Revela-se nessa narrativa, de forma bastante nítida, o objetivo de provar aos seus leitores que Jesus é o Filho de Deus.


Pois bem. A imagem do barco minúsculo perdido na imensidão do mar é o retrato da nossa vida em meio ao turbilhão dos acontecimentos diários, sobre os quais não podemos interferir e cujo controle escapa às potências do nosso corpo. O nosso ser humano, ridículo e limitado conforme descrito pelo artista popular, está totalmente à mercê dessas ondas turbulentas que sacodem o nosso barco. As dúvidas e incertezas do dia a dia, o risco e o temor que cotidianamente nos afligem, os percalços e desafios do viver diário nos lembram constantemente a nossa pequenez e insignificância. É nesse contexto vital que se constata a importância da nossa fé. Não aquela fé declarada da boca para fora, mas a fé que nos fortifica e nos mantém no caminho, apesar de todas as vicissitudes. Nos dias de hoje, de um modo especial, a violência urbana é um tormento com o qual temos de conviver, mas apesar disso e mesmo sabendo disso, não podemos nem devemos nos esconder ou nos segregar. A conduta oposta seria ainda uma maior insensatez, ou seja, fazer de conta que nada vai nos afetar, pois a fé nos defende, e deixar de adotar as necessárias precauções. Essa temeridade é um daqueles pecados imperdoáveis, sobre os quais comentamos num domingo recente. A fé responsável exige de nós uma postura de esclarecido compromisso, de conhecimento da realidade, de consciência dos riscos e também de seriedade no cumprimento daquilo que nos compete, cada um fazendo a sua parte pensando não apenas em si próprio, mas também dando sua contribuição para transformar a nossa sociedade num mundo mais justo e solidário, mostrando que é possível viver de forma digna e dignificante.


Esse modelo de vida na fé é o tema da carta de Paulo aos cristãos de Corinto (2Cor 5, 14-17), onde ele diz que “se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo.” Esse “mundo novo” ainda não está totalmente implantado, ainda se encontra num processo de instalação e será o nosso exemplo de cristãos, em meio a inúmeras ondas de comportamentos adversos, que irá contribuir para o seu efetivo fazer acontecer. O grande desafio que nos é trazido pelo mundo de hoje é esse de ser cristãos, apesar de todos os apelos contrários. E vejam que nós nem estamos (graças a Deus) naquela situação dos cristãos dos países de maioria islâmica, onde alguns radicais literalmente massacram os crentes, até pelo simples fato de carregarem uma Bíblia. Ainda não vivemos numa atmosfera de intolerância religiosa, onde ser cristão pode ser um motivo de condenação à morte. Digo “ainda não” porque o movimento cristofóbico tem se acentuado tanto nessa última década, dando sinais de sua presença também no Brasil, de modo que essas publicações nas redes sociais nos trazem um preocupante em relação aos nossos filhos e netos. No mundo cada vez mais secularizado e tendente à intolerância, a liberdade em todos os níveis, inclusive a liberdade religiosa, é um bem muito precioso que nós devemos cultivar com nossa palavra e com nosso exemplo, demonstrando que é possível viver numa sociedade pluralista com respeito à diversidade. Só assim poderemos navegar com um pouco mais de segurança no mar da vida.


Com um cordial abraço a todos.

Antonio Carlos

domingo, 13 de junho de 2021

COMENTARIO LITURGICO - 11 DOMINGO COMUM - 13.06.2021

 

COMENTÁRIO LITÚRGICO – 11º DOMINGO COMUM – PEDAGOGIA DAS PARÁBOLAS – 13.06.2021


Caros Confrades,


Neste 11º domingo comum, a liturgia nos demonstra com detalhes a metodologia adotada por Jesus Cristo para ensinamento a respeito do reino de Deus, explicando-o através de parábolas, nas quais se serve de figuras e situações bem conhecidas por seus ouvintes. As teorias pedagógicas mais modernas explicam que, para haver uma melhor aprendizagem por parte dos alunos, o professor deve buscar inserir os conceitos novos aproveitando os conhecimentos prévios dos estudantes. Grande novidade! Há mais de dois mil anos, Jesus Cristo já inaugurara essa pedagogia, quando utilizava parábolas para explicar sua doutrina, e os pedagogos de hoje pensam que estão descobrindo o mapa da mina. Para nós, cristãos, essa metodologia foi, desde o início, a preferida tanto por Cristo quanto pelos seus apóstolos.


Na primeira leitura litúrgica, temos um trecho do livro de Ezequiel. Ele profetizou na época do cativeiro da Babilônia, tendo falecido nessa cidade. Ele teve curiosas “visões” sobre as ações de Javeh em forma de castigo para o seu povo infiel, falando sempre em linguagem muito dura, para despertar no povo o reconhecimento da própria culpa e o arrependimento. Na leitura de hoje, ele faz uma imagem simbólica muito interessante sobre o “novo reino” que haveria de vir, depois que aquele período do cativeiro terminasse, o novo reino que Javeh estava preparando para o seu povo. Diz isso usando também uma espécie de parábola: “Assim diz o Senhor Deus: 'Eu mesmo tirarei um galho da copa do cedro, do mais alto de seus ramos arrancarei um broto e o plantarei sobre um monte alto e elevado. Vou plantá-lo sobre o alto monte de Israel. ” Podemos ver nessa imagem descritiva do “broto arrancado do mais alto dos seus ramos” e plantado sobre o monte de Israel como a prefiguração de Cristo, numa simbologia análoga à que Jesus usaria depois, com a imagem da videira. Logo adiante, diz o Profeta: “Ele produzirá folhagem, dará frutos e se tornará um cedro majestoso. Debaixo dele pousarão todos os pássaros, à sombra de sua ramagem as aves farão ninhos. ” Tempos depois, Jesus repetirá essa mesma parábola, ao dizer que “eu sou a videira e vós sois os ramos” (Jo 15, 5), quem permanece em mim e eu nele, esse dará muito fruto. Os profetas, de um modo geral, utilizaram de recursos simbólicos, aproveitando os conhecimentos e vivências do povo para lhes repassarem a mensagem de Javeh.


No evangelho de Marcos, lido neste domingo (Mc 4, 26-34), Jesus lança mão de duas parábolas semelhantes, ambas relacionadas com árvores e sementes, materiais que eram comuns e amplamente conhecidos daquelas pessoas a quem ele se dirigia. A imagem da semente tem uma forte simbologia relacionada com o fenômeno da multiplicação que está a ela associada e que encerra no seu conteúdo o próprio milagre da vida. A semente é pequena, inerte, simples, mas quando plantada, cresce, se torna dinâmica, fecunda e se multiplica em incontáveis partes, que configurarão um novo ser. É interessante como ele explica que a semente possui uma capacidade autopoiética extraordinária, ou seja, ela se reproduz com suas próprias forças, não é necessário que o plantador faça nada especial, além do simples plantio, bastando inseri-la no solo fértil. “A terra, por si mesma, produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga. (Mc 4, 28) A energia presente na semente é tão intensa que basta ser lançada no local adequado para desencadear o seu processo produtivo. Além disso, tem ainda o aspecto da multiplicação da forma. A semente tem uma pequenina dimensão, mas se transforma em uma árvore grandiosa e com enormes potencialidades de sustentação da vida de outros seres, que dela dependem. É o autêntico milagre reprodutor da vida, que continua a ocorrer incessantemente e está acessível a todos que se dispuserem a cumprir esse ritual de semear.


Assim também acontece com a Palavra de Deus, semente da vida no espírito, que ao ser semeada, começa o seu processo de produção de energias espirituais no coração de quem a acolhe, de modo que transforma não apenas a vida daquela pessoa diretamente, mas tem repercussão também sobre as demais pessoas que com esta convivem. O nosso comportamento de cristãos, a colocação em prática dos mandamentos de Cristo nos atos da nossa vida cotidiana, o nosso testemunho diante das pessoas do nosso convívio na família, no trabalho, na sociedade, são os atos e atitudes pelos quais nos tornamos lançadores da semente da Palavra. E Jesus ainda nos anima querendo dizer que não precisa fazer grandes pregações, nem grandes sacrifícios, nem enfrentar grandes desafios, mas mesmo nas pequenas coisas isso acontece. É o que Ele pedagogicamente ensina quando fala da semente de mostarda, ao dizer que é a menor semente das hortaliças, no entanto, é aquela que produz a leguminosa mais corpulenta, que serve até de pouso e arcabouço de ninho para os pássaros. Pequenas sementes que produzem grandes árvores, assim acontece também conosco, mesmo que a semente lançada seja de tamanho apoucado.


Em diversas outras ocasiões, Jesus utilizou a parábola da semente, para tornar compreensíveis os fatos relacionados com a sua missão. Por exemplo, no evangelho de João (Jo 12, 24), Jesus faz outra alusão à semente, em outro contexto, referindo-se à sua ressurreição, quando diz: se o grão de trigo não morrer, fica só; mas se morre, produz muito fruto. A imagem da semente associa-se tanto à paixão e morte de Jesus, como também à morte do homem pecador e à sua ressurreição através da graça, tanto no sentido da nova vida trazida pelo batismo, quanto no sentido da outra vida, que virá depois que deixarmos esta morada. E aqui o tema do evangelho se interliga com o texto da segunda leitura, retirada da carta de Paulo a Coríntios 2: “enquanto moramos no corpo, somos peregrinos longe do Senhor; pois caminhamos na fé e não na visão clara ” (2Cor 5,6) Ao deixar a morada do corpo, iremos morar junto do Senhor. Portanto, neste primeiro momento, a imagem da semente se refere a nós, cristãos, que temos a oportunidade de, pelo batismo, fazer morrer em nós o ser pecador, para fazer viver o ser humano da graça. E através dos demais sacramentos, vamos passando por um processo de contínuo aperfeiçoamento do nosso ser para, depois, com a morte corporal, termos a ressurreição prometida por Cristo, da qual Ele já deu o exemplo.


A propósito dessa passagem da 2ª Carta a Coríntios, quando Paulo diz: “enquanto moramos no corpo, somos peregrinos longe do Senhor”... e depois diz “preferimos deixar a moradia do nosso corpo para ir morar junto do Senhor”, eu gostaria de destacar aqui uma demonstração da cultura grega que Paulo possuía. Está muito evidente, nesses trechos, a visão dualista dos filósofos gregos Platão e Aristóteles, esse confronto entre o mundo material e o mundo espiritual, que encontramos em Sócrates e em seus discípulos na Grécia antiga, e que Paulo absorveu, e depois essas mesmas ideias foram retomadas pelos Padres da Igreja do século IV, sobretudo por Santo Agostinho, e mais adiante, no século XIII, por Santo Tomás de Aquino. Aliás, era impossível que o cristianismo se disseminasse no território grego sem ser influenciado pela cultura deste povo, que era predominante e bem mais elaborada do que as demais culturas daquele tempo.


Esse fato teve um aspecto positivo e historicamente inevitável, mas também gerou consequências indesejáveis de longo prazo, como as que nós observamos hoje na religião tradicional, individualista e devocionista. As primeiras comunidades, onde ainda havia grande influência da cultura judaica, tinham mais a ideia da coletividade, da comunhão, da solidariedade, que foram aos poucos sendo substituídas pelos conceitos gregos, os quais se tornaram hegemônicos. Junto com a cultura grega e sua inserção no cristianismo, portanto, desenvolveu-se esse modelo individualista da religião, que não existia nas primeiras comunidades cristãs, onde todos tinham tudo em comum (Atos 4, 32). O “tudo” em comum não deve ser entendido apenas como os bens materiais, mas sobretudo a partilha dos bens espirituais da amizade, do amor mútuo, da solidariedade em todos os sentidos. Nos dias atuais, a teologia tenta resgatar o verdadeiro sentido da palavra comunidade (comum+unidade), que não pode ficar restrita à reunião de uma multidão no templo durante a celebração, onde as pessoas nem se conhecem entre si e muitas vezes nem se cumprimentam. Devemos nos vigiar para que, involuntariamente, não venhamos a contribuir com esse modelo religioso individualista, que ainda predomina na nossa religião.


Cordial abraço a todos.

Antonio Carlos

sábado, 5 de junho de 2021

COMENTÁRIO LITÚRGICO - 10º DOMINGO COMUM - 06.06.2021

 

COMENTÁRIO LITÚRGICO – 10º DOMINGO COMUM – O PECADO ETERNO – 06.06.2021


Caros Confrades,


Neste décimo domingo comum, a liturgia apresenta um trecho da carta de Paulo aos Coríntios (2Cor 4, 13-5,1), na qual ele faz uma comparação, utilizando uma imagem que bem representa a doutrina grega da cisão corpo-espírito, que se tornou uma marca da teologia cristã. Diz ele: “se a tenda em que moramos neste mundo for destruída, Deus nos dá uma outra moradia no céu, que não é obra de mãos humanas, mas que é eterna”. A doutrina judaica sobre a relação corpo-espírito se direciona para o lado da unidade e integração entre corpo e espírito como uma realidade única, no entanto, foi a doutrina grega prevaleceu na teologia. As outras leituras também trazem temas interessantes, dos quais destacarei dois para comentar, tomando como referência o evangelho de Marcos (Mc 3, 20): o pecado eterno e os irmãos de Jesus.


A narrativa de Marcos tem início com o evangelista dizendo que Jesus voltou para casa com seus discípulos (3, 20). É o caso de perguntarmos: que casa? Ou casa de quem? Desde que Jesus iniciou sua vida de pregador, ele saíra da casa de seus pais em Nazaré e não tinha um local onde morar. Provavelmente, seria a casa de Pedro ou de algum dos discípulos ou de algum benfeitor que o apoiava. Marcos não se preocupa com esse detalhe. E continua dizendo que lá juntou tanta gente que eles (Jesus e os discípulos) nem sequer podiam comer. A fama de Jesus atraía a atenção de todos, em qualquer lugar onde ele chegasse, de modo que causava grande importunação, mas ele não podia simplesmente mandar o povo embora, pois isso fazia parte da sua missão. É também interessante observar que se trata de uma das raras vezes em que o evangelho se refere a uma refeição feita por Jesus, o que devia ser bastante natural, porque ele como pessoa humana precisava se alimentar regularmente. No entanto, quase sempre essa particularidade é omitida nas narrativas evangélicas.


Pois bem, os fariseus e Mestres da Lei, que estavam constantemente vigiando Jesus, o viram expulsando demônios e, por não acreditarem no seu poder divino, não encontraram outra forma de justificar, a não ser dizendo que ele estava possuído por Belzebu e era por isso que Ele conseguia expulsar os demônios. Esse boato preocupou os parentes de Jesus, que o procuraram para oferecer-lhe ajuda. Encontraram-no, então, rodeado pela multidão, enquanto ele argumentava contra os fariseus: como é que satanás vai expulsar satanás? Como é que o demônio estaria agindo contra si próprio? A acusação dos Mestres da Lei era totalmente incoerente, porque se um grupo passa a se digladiar internamente, será o seu fim. Se numa família, levantar-se irmão contra irmão, será a desagregação daquela família. Sob o aspecto humano, social, o boato espalhado pelos fariseus não tinha qualquer sustentação. Porém, sob o aspecto da fé, a situação era muito mais grave. Atribuir os milagres de Jesus ao poder do mal significava ver em Jesus o próprio demônio e isso Ele fez questão de esclarecer, além de reprovar.


Foi nesse contexto que Jesus fez uma ameaça terrível àqueles incrédulos: (Mc 3, 28) “tudo será perdoado aos homens, todo pecado e toda blasfêmia, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, será culpado de um pecado eterno”. Meus amigos, o que significa blasfemar contra o Espírito Santo? Por que isso é tão grave e nunca será perdoado? Ora, Jesus sempre afirmou que não agia sozinho, ele agia sempre como Trindade, em união com o Pai e o Espírito Santo. Então, dizer que ele estava possuído por um espírito do mal equivalia a não acreditar no Espírito Santo e, portanto, não acreditar na Trindade divina. Não acreditar que Jesus é filho de Deus e age em união com o Espírito Santo, portanto, negar a Trindade é excluir-se da obra redentora que Jesus veio realizar. Mais grave do que afirmar que Jesus expulsa os demônios por obra de Belzebu é a motivação interior de quem faz essa afirmação, é a recusa de receber a graça divina, é voltar as costas para o amor de Deus, por isso, é uma atitude imperdoável. E se a pessoa que assim age não reconsidera seu ponto de vista e mantém-se na rejeição do perdão, então o seu delito se tornará eterno, ou seja, eternamente imperdoável. Ora, sendo o mistério da Trindade o centro da fé cristã, a recusa de aceitar qualquer uma das pessoas divinas será um daqueles pecados retidos, sem perdão.


Diz ainda Marcos (3, 21) que os parentes de Jesus saíram em sua defesa para agarrá-lo, porque ele parecia estar fora de si. Certamente, o discurso de Jesus nessa ocasião não foi nada tranquilo e sereno, como era de costume, mas ele deve ter-se exaltado com o maldoso boato espalhado pelos fariseus. Isso faz lembrar aquele outro memorável acontecimento em que Ele tomou um chicote e saiu dando surra nos vendedores que estavam ocupando os espaços do templo, dizendo que a casa do Pai é casa de oração, não um covil de ladrões. São as duas vezes em que o evangelho fala de atitudes ríspidas e grosseiras de Jesus, exatamente quando a descrença dos judeus se voltava contra a Trindade. No caso do templo, em relação ao Pai; no caso da expulsão dos demônios, em relação ao Espírito Santo. Nesses casos, Ele foi tomado por uma 'santa ira', a ponto de ficar fora de si.


Quando os parentes de Jesus chegaram onde ele estava, havia tanta gente reunida que eles não conseguiram se aproximar. Então, mandaram recado pra Ele informando que estavam ali. É quando o evangelho cita aquela famosa frase que é motivo de divergência entre católicos e não-católicos há séculos: (Mc 3, 32) “Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura.” O texto latino de São Jerônimo assim diz: “mater tua e fratres tui foris quaerunt te”. Todos nós sabemos que 'mater' é mãe e 'fratres' é irmãos, mas comparemos com o texto grego original, aqui transcrito em letras latinas: ê mater auton kai oi adelphoi auton = a tua mãe e os teus irmãos. Vemos que a tradução latina é literal do grego. A discussão aqui está no significado do vocábulo 'adelphoi', plural de 'adelphos' que na língua grega significa “irmão”, tanto no sentido de filho dos mesmos pais, quanto no sentido de um familiar com parentesco próximo. Esta palavra vem do radical grego 'adelph', que é comum às palavras relacionadas com irmandade, fraternidade. Naquela época, era comum que as famílias formassem grupos, assim como acontece no sertão, onde se congregam, às vezes sob o mesmo teto, pessoas de diversos graus de parentesco. Comparando com os dias de hoje, seria como se juntassem as diversas gerações desde o tataravô até o tataraneto, com respectivos cônjuges e agregados, todos eram tidos como uma família no sentido mais extenso. Genericamente falando, eram irmãos entre si, irmãos de criação. Este é o argumento teológico do catolicismo para justificar que Jesus é filho unigênito de Deus. Porém, não resolve a questão de que Maria pode ter tido outros filhos, que não foram concebidos pelo Espírito Santo, e neste caso, seriam irmãos de Jesus somente pela 'carne', não pelo Espírito. A Igreja Católica Ortodoxa da Síria, uma das mais antigas do mundo, tem outra explicação para este fato. Afirma que, ao casar-se com Maria, José era viúvo e tinha seis filhos de sua esposa anterior, de nome Débora. Os filhos eram: Thiago, José, Judas, Simão, Sofia e Myrian. Com Maria, porém, José teve apenas um filho, Jesus. A Igreja Católica Romana não reverencia essa tradição oriental e não menciona um casamento anterior de José e, desde os primeiros tempos, sempre afirmou que Jesus é único filho de Maria. Por outro lado, não há evidências, nem na história nem na tradição, de que Maria tenha tido outros filhos, além de Jesus.


Pois bem. A resposta que Jesus deu aos seus interlocutores, nesse momento, não poderia ser mais desconcertante: minha mãe? meus irmãos? Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? E diz Marcos (3, 34): olhando para os que estavam sentados ao seu redor disse: aqui estão minha mãe e meus irmãos... quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe. Esta afirmação de Jesus, colocada no contexto do seu ensinamento, não deve ser entendida no sentido negativo, como se Jesus estivesse rejeitando os seus familiares, ao contrário. A frase deve ser vista no sentido positivo, ou seja, Jesus estava afirmando que aquelas pessoas que o ouviam e aceitavam faziam parte da sua familia, tanto quanto os seus parentes pelo ramo familiar. Ele estava colocando no mesmo nível de importância os irmãos da família humana e os irmãos na fé em sua doutrina. Além de não estar desprezando seus familiares, Jesus estava elevando os seus seguidores ao mesmo nível de irmandade que eles. Fazendo um contraponto dialético com a afirmação anterior de que quem não crê no Espírito é réu de um pecado eterno, esta nova afirmação de que 'quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe', é como se Ele estivesse afirmando: quem crê na Trindade está comigo, transforma-se em meu irmão, minha irmã, minha mãe, meu familiar, meu parente, é a grande família humana que se reúne em torno dele.


Meus amigos, nós, os cristãos de hoje, desfrutamos desse inefável privilégio de sermos considerados irmãos, irmãs, pai e mãe de Jesus, se cumprirmos o seu mandamento. Essa é a sua promessa e o resultado só depende de nós.


Cordial abraço a todos.

Antonio Carlos