COMENTÁRIO LITÚRGICO
– DOMINGO DA PÁSCOA – 31.03.2013 – PÁSCOA E HISTÓRIA
Caros
Confrades,
Eis-nos aqui celebrando outra vez a festa da Páscoa. Neste domingo, completam-se dois anos que escrevo esses comentários, contando sempre com a benevolência de vocês e animado por referências que recebo dos leitores assíduos. Por ocasião do Ensese III, em Guaramiranga, tive a grata satisfação de ouvir diversas opiniões dos Confrades, o que me inspira a continuar refletindo com todos sobre os temas da liturgia. Esta é a primeira Páscoa celebrada pelo nosso Seráfico Papa, que veio acender nossas esperanças de renovação e reconstrução da Igreja de Cristo, atribulada por árduas provações em todos os continentes, necessitando de autêntica redefinição de estratégias e sérias correções de trajetória, dando respostas convincentes às acerbas críticas recebidas pelo mundo afora. Quem sabe, o nosso Papa venha a convocar um Concílio, que poderá ser uma continuação do conclave que o elegeu, para discutir os aspectos centrais da problemática que aflige a Sagrada Instituição eclesiástica e todos juntos buscarem as soluções efetivas, pelas quais todos ardorosamente esperamos. Que Deus o ilumine nessa difícil missão.
Neste domingo, como acontece em todas as festividades da Páscoa ao longo da história, a palavra mestra, que mais uma vez repetimos, é uma só: Ressurrexit sicut dixit. - Ressuscitou como havia dito. O próprio apóstolo João, no evangelho de hoje, atesta que somente após a ressurreição, eles começaram a compreender tudo o que Jesus ensinara. Quando ele (João) e Pedro, juntamente com Maria Madalena, chegaram ao túmulo e encontraram a pedra afastada e dentro apenas os lençóis, ficaram confusos e preocupados: aonde Ele foi? E João confessa (Jo 20, 9): “De fato, ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual Ele devia ressuscitar dos mortos”. Esta narração do fato, por João, nos deixa perceber como Jesus preparou o cenário para que os apóstolos vissem e acreditassem. Por que a pedra da entrada do sepulcro estava afastada, se Jesus ao ressuscitar não precisou passar por ela? Imagino que Jesus queria que eles vissem aquilo como um sinal de algo extraordinário. A pedra da entrada do túmulo era pesadíssima e seria necessário o esforço de várias pessoas para afastá-la. Mas isso não foi preciso. De longe, Maria Madalena, aquela que foi mais cedo ao túmulo, viu que a pedra havia sido removida. Mais adiante nessa mesma leitura (Jo 20, 15), diz o evangelista que Maria Madalena viu a Jesus, porém não o reconheceu e pensava tratar-se do jardineiro. Quando Jesus falou com ela, foi que ela o reconheceu. Isto é, até aquele momento, Maria Madalena sequer imaginava o que tinha acontecido, apesar de ser ela uma das pessoas mais próximas de Jesus e que ouviu diversas vezes quando ele disse que iria ressuscitar. Ali, diante do túmulo aberto sem ninguém dentro, ela só pensava que O haviam levado, mas quem? Para que? Então, ao reconhecê-Lo, a sua preocupação e a sua tristeza se converteram numa alegria indizível: Mestre, é você? E foi tentar abraçá-lo, ao que Jesus não permitiu.
Eis-nos aqui celebrando outra vez a festa da Páscoa. Neste domingo, completam-se dois anos que escrevo esses comentários, contando sempre com a benevolência de vocês e animado por referências que recebo dos leitores assíduos. Por ocasião do Ensese III, em Guaramiranga, tive a grata satisfação de ouvir diversas opiniões dos Confrades, o que me inspira a continuar refletindo com todos sobre os temas da liturgia. Esta é a primeira Páscoa celebrada pelo nosso Seráfico Papa, que veio acender nossas esperanças de renovação e reconstrução da Igreja de Cristo, atribulada por árduas provações em todos os continentes, necessitando de autêntica redefinição de estratégias e sérias correções de trajetória, dando respostas convincentes às acerbas críticas recebidas pelo mundo afora. Quem sabe, o nosso Papa venha a convocar um Concílio, que poderá ser uma continuação do conclave que o elegeu, para discutir os aspectos centrais da problemática que aflige a Sagrada Instituição eclesiástica e todos juntos buscarem as soluções efetivas, pelas quais todos ardorosamente esperamos. Que Deus o ilumine nessa difícil missão.
Neste domingo, como acontece em todas as festividades da Páscoa ao longo da história, a palavra mestra, que mais uma vez repetimos, é uma só: Ressurrexit sicut dixit. - Ressuscitou como havia dito. O próprio apóstolo João, no evangelho de hoje, atesta que somente após a ressurreição, eles começaram a compreender tudo o que Jesus ensinara. Quando ele (João) e Pedro, juntamente com Maria Madalena, chegaram ao túmulo e encontraram a pedra afastada e dentro apenas os lençóis, ficaram confusos e preocupados: aonde Ele foi? E João confessa (Jo 20, 9): “De fato, ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual Ele devia ressuscitar dos mortos”. Esta narração do fato, por João, nos deixa perceber como Jesus preparou o cenário para que os apóstolos vissem e acreditassem. Por que a pedra da entrada do sepulcro estava afastada, se Jesus ao ressuscitar não precisou passar por ela? Imagino que Jesus queria que eles vissem aquilo como um sinal de algo extraordinário. A pedra da entrada do túmulo era pesadíssima e seria necessário o esforço de várias pessoas para afastá-la. Mas isso não foi preciso. De longe, Maria Madalena, aquela que foi mais cedo ao túmulo, viu que a pedra havia sido removida. Mais adiante nessa mesma leitura (Jo 20, 15), diz o evangelista que Maria Madalena viu a Jesus, porém não o reconheceu e pensava tratar-se do jardineiro. Quando Jesus falou com ela, foi que ela o reconheceu. Isto é, até aquele momento, Maria Madalena sequer imaginava o que tinha acontecido, apesar de ser ela uma das pessoas mais próximas de Jesus e que ouviu diversas vezes quando ele disse que iria ressuscitar. Ali, diante do túmulo aberto sem ninguém dentro, ela só pensava que O haviam levado, mas quem? Para que? Então, ao reconhecê-Lo, a sua preocupação e a sua tristeza se converteram numa alegria indizível: Mestre, é você? E foi tentar abraçá-lo, ao que Jesus não permitiu.
Aqui está o ponto
central da nossa fé cristã: a ressurreição de Cristo. Ele
escolheu a data para que isso acontecesse, não foi um mero acaso que
esses fatos tenham acontecido por ocasião da celebração da páscoa
histórica. Cristo não inventou a páscoa, todos nós sabemos que
essa festa já era comemorada há milênios antes dele. Ele próprio,
por diversas vezes (relatam os evangelistas), se dirigira a Jerusalém
para celebrar a Páscoa. Era assim que todos os israelitas faziam.
Até então, a Páscoa simbolizava, para eles, a libertação da
escravidão do Egito, fato que já era considerado o ponto central da
fé israelita: a conquista da liberdade perante um adversário muito
mais poderoso e bem equipado, tudo conduzido por Javeh, numa
demonstração de predileção por aquele povo e provando Sua
fidelidade com a aliança tratada com os antigos patriarcas.
Com efeito, os
pesquisadores não sabem a origem da festa da páscoa, porque essa é
uma tradição que se perde no tempo. Estima-se que a páscoa começou
a ser celebrada desde que os seres humanos começaram a formar grupos
estáveis em determinados locais, onde passaram a plantar e criar
animais, deixando assim de ser nômades, como eram os primeiros
grupos humanos. Ou seja, a festa da páscoa originalmente estaria
integrada com o próprio surgimento da sociedade humana. Este período
geográfico que, no hemisfério norte, corresponde à primavera e
coincide com o tempo em que as árvores iniciam a brolhar após o
frio do inverno, começando a produzir os primeiros frutos da terra,
passou a ser festejado como o tempo da primeira colheita, tempo de
fartura e da prosperidade, celebrando a paz entre a natureza e os
seus habitantes, tempo em que os animais também acasalam e a vida
sobre a terra se renova. Este seria o sentido primitivo da páscoa,
festejada desde tempos imemoriais.
A páscoa, portanto, já tinha um significado especial para a espécie humana, mesmo antes de alguns acontecimentos importantes terem ocorrido nessa época do ano, vindo a trazer um significado renovado para essa festa, dentro da tradição judaico-cristã. Assim é que a fuga dos hebreus do Egito, onde eles viviam como escravos, se deu por ocasião da páscoa. Diferente daquela narração épica do Êxodo, alguns historiadores acreditam que ocorreu, de fato, uma fuga em massa dos hebreus, liderados por Moisés. Tudo fora combinado para que aproveitassem os festejos da páscoa e assim tivessem mais chance de que aquela fuga fosse confundida com alguma forma celebrativa e isso os faria ganhar tempo, antes que o exército do Faraó se pusesse a caminho para recapturá-los. Assim foi que o grupo de fugitivos somente foi alcançado quando já haviam atravessado o Mar Vermelho, portanto, já fora dos limites territoriais do Egito. Só que os hebreus conseguiram atravessar o mar com a maré baixa, porém quando os soldados do Faraó chegaram, a maré já estava enchendo e assim eles tentaram alcançar os fugitivos, mas o mar os impediu. No livro do Êxodo (14, 21) há uma referência a isso, quando diz que Moisés estendeu a mão sobre o mar e durante toda a noite soprou vento forte, dividindo as águas. Segundo essa versão não bíblica da história, não houve uma “divisão” das águas em colunas (como aparecem nas versões filmadas por Hollywood), mas o vento fez a maré recuar, a ponto de que os israelitas conseguiram atravessar até a outra margem, com água rasa. Quando os egípcios chegaram, aquele vento forte havia cessado e eles tentaram seguir pelo mesmo caminho, mas então a profundidade da água não permitiu que eles atravessassem, e com isso os israelitas puderam seguir seu caminho. Aquela narração do Êxodo, em uma linguagem carregada de símbolos, fazia parte da catequese rabínica, para comprovar diante dos jovens, que não haviam passado por aquele momento, a proteção de Javeh para com o seu povo.
A páscoa, portanto, já tinha um significado especial para a espécie humana, mesmo antes de alguns acontecimentos importantes terem ocorrido nessa época do ano, vindo a trazer um significado renovado para essa festa, dentro da tradição judaico-cristã. Assim é que a fuga dos hebreus do Egito, onde eles viviam como escravos, se deu por ocasião da páscoa. Diferente daquela narração épica do Êxodo, alguns historiadores acreditam que ocorreu, de fato, uma fuga em massa dos hebreus, liderados por Moisés. Tudo fora combinado para que aproveitassem os festejos da páscoa e assim tivessem mais chance de que aquela fuga fosse confundida com alguma forma celebrativa e isso os faria ganhar tempo, antes que o exército do Faraó se pusesse a caminho para recapturá-los. Assim foi que o grupo de fugitivos somente foi alcançado quando já haviam atravessado o Mar Vermelho, portanto, já fora dos limites territoriais do Egito. Só que os hebreus conseguiram atravessar o mar com a maré baixa, porém quando os soldados do Faraó chegaram, a maré já estava enchendo e assim eles tentaram alcançar os fugitivos, mas o mar os impediu. No livro do Êxodo (14, 21) há uma referência a isso, quando diz que Moisés estendeu a mão sobre o mar e durante toda a noite soprou vento forte, dividindo as águas. Segundo essa versão não bíblica da história, não houve uma “divisão” das águas em colunas (como aparecem nas versões filmadas por Hollywood), mas o vento fez a maré recuar, a ponto de que os israelitas conseguiram atravessar até a outra margem, com água rasa. Quando os egípcios chegaram, aquele vento forte havia cessado e eles tentaram seguir pelo mesmo caminho, mas então a profundidade da água não permitiu que eles atravessassem, e com isso os israelitas puderam seguir seu caminho. Aquela narração do Êxodo, em uma linguagem carregada de símbolos, fazia parte da catequese rabínica, para comprovar diante dos jovens, que não haviam passado por aquele momento, a proteção de Javeh para com o seu povo.
Para os hebreus,
portanto, a Páscoa lembrava essa trajetória heróica dos seus
antepassados e desse modo a Páscoa era a festa da liberdade
reconquistada, era a principal festa do povo hebreu. Tanto assim que
os chefes dos sacerdotes queriam “resolver” a situação de Jesus
antes da Páscoa, porque se entrasse o período festivo, as pessoas
iriam se dedicar à festa e não seria possível manipular a multidão
para “aprovar” a condenação de Jesus, conforme eles estavam
maquinando. Ocorre que tudo isso já estava no plano salvífico
divino. Assim que Jesus, ao chamar os apóstolos para irem com ele a
Jerusalém, para aquela páscoa especial, fez tudo diferente: uma
entrada triunfal, montado num jumento, aclamado pela população.
Quantas vezes Jesus já havia ido a Jerusalém para a Páscoa e não
tinha feito assim. Mas aquela Páscoa iria ganhar um significado
novo, aquela iria ser a Sua páscoa e, com isso, a nossa Páscoa
verdadeira e definitiva. Propositalmente, Jesus fez coincidir a Sua
ressurreição com as festividades da Páscoa, para dar a esta
comemoração um novo significado. As primeiras comunidades cristãs,
de início, não perceberam isso e continuaram celebrando o dia do
Senhor no sábado, como era a tradição hebraica. Mas depois foram
percebendo que, com a ressurreição de Cristo, a Páscoa tinha ganho
um novo sentido e aquela tradição sabática precisava ser superada
pela celebração dominical, porque Jesus havia ressuscitado no
primeiro dia da semana. O novo significado da Páscoa, como festa da
vida renovada, da vida plena e definitiva, da vida que supera a morte
devia ser comemorada como uma nova festa, com um novo simbolismo. O
dia da ressurreição do Senhor, o primeiro dia da semana, essa devia
ser a nova referência para as festividades pascais.
Meus amigos, quando hoje celebramos a Páscoa, devemos nos lembrar disso: pela Páscoa da ressurreição de Cristo, nós ganhamos um verdadeiro motivo para comemorar, qual seja, a nossa redenção, a conquista da nossa vida plena e definitiva, que Cristo antecipou para nós com a sua ressurreição dos mortos e nos deu a certeza de que, assim como Ele, nós também teremos a nossa vitória sobre a morte e sobre o pecado e um dia nos uniremos com Ele, junto do Pai, na morada eterna.
Renovados votos de Feliz Páscoa a todos.