sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

14º Domingo Comum - 03.07.2011 - Bonum certamen


Prezados Confrades,

A liturgia dominical de hoje (3/7) celebra a festa de Sao Pedro e Sao Paulo. Com efeito, o martirio de ambos ocorreu, segundo a tradição, no ano 67, embora não tenham sido os dois no mesmo dia, mas na liturgia eles estão juntos, porque são duas grandes pilastras do cristianismo, sem desmerecer os demais apóstolos.
A primeira leitura de hoje relata um fato emocionante, a libertação de Pedro que estava preso por ordem de Herodes e foi libertado pelo anjo do Senhor. Sempre que faço essa leitura, me arrepio imaginando a cena, que deve ter sido extraordinária. Talvez haja um certo acréscimo lírico do agiógrafo, mas o fato é deveras miraculoso. Os prisioneiros ficavam com as maos e pés amarrados a correntes, apesar de estarem presos na cela.
No caso de Pedro, com certeza ainda havia guardas especiais, porque Herodes sabia da sua posição de liderança no grupo cristão. Então, a cela se iluminou (provavelmente so Pedro viu esta luz) e as correntes lhe cairam do corpo quando o anjo lhe disse pra vestir a túnica e acompanha-lo. Passou pelos guardas que nada notaram, o portao de ferro abriu-se sozinho e lá estava Pedro na rua... ele próprio pensava que estava sonhando e só então reconheceu que fora favorecido com um milagre.  Este ato, juntamente com a conversão de Paulo, são dois eventos que eu considero os mais emocionantes da história do cristianismo primitivo. JC precisava da presença de Pedro e Paulo para consolidar a nascente ekklesia e agiu diretamente, pessoalmente para mantê-los na missão.
A segunda leitura me faz lembrar muito do Frei Higino, que gostava de repetir: bonum certamen certavi, cursum consumavi, fidem servavi (combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé). Assim disse Paulo quando já estava a caminho de Roma, onde sabia que seria morto.
Ele já tinha sido de fato condenado à morte, mas usou sua prerrogativa de cidadão romano e apelou para o Imperador. Só os romanos tinham esse privilégio, por isso estava ele a caminho de Roma. É claro que ele sabia que isso era apenas um artificio para ganhar tempo, porque o Imperador não iria livrá-lo. Mas enquanto isso, ele continuava a evangelizar.
Eu considero essa profissão de fé de Paulo (bonum certamen certavi, cursum consumavi, fidem servavi) um modelo de vida para todos os cristãos. Combater o bom combate significa fazer suas opções de vida perante a sua consciência de cristão e seguir adiante sendo fiel a elas.
Algumas vezes, o encaminhamento dos fatos até deixa dúvida se estamos no caminho certo, pois enfrentamos obstáculos e dificuldades de diversos tipos e tamanhos, mas nada deve nos fazer retroceder. A fidelidade aos ideais cristãos deve ser a meta prioritária de todo aquele que se diz seguidor de JC, este é o bom combate a ser enfrentado todo dia. O cursum consumavi (terminei a carreira) só Deus sabe quando será, mas enquanto não chega, o bom combate deve prosseguir guardando a fé (fidem servavi).
O próprio Paulo já dissera em I Corintios 10, 13 que Deus não permitirá que sejamos tentados acima de nossas forças (Fidelis autem Deus est, qui non patietur vos tentari supra id quod potestis=Pois Deus é fiel, de modo que não consentirá que vós sejais tentados acima daquilo que podeis suportar), portanto, nenhuma atribulação deverá nos separar do amor de Cristo, conforme diz aquela conhecida melodia religiosa.

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