Caros Confrades,
Nas leituras deste domingo (29º comum), vejo este como tema comum: Deus agindo através da história dos homens.
Nas leituras deste domingo (29º comum), vejo este como tema comum: Deus agindo através da história dos homens.
Na primeira leitura (Isaías 45,1), o profeta discorre a respeito de Ciro, o ungido de Deus, que foi por Ele escolhido mesmo sem aquele O conhecer ("Armei-te guerreiro, sem me reconheceres, para que todos saibam, do oriente ao ocidente, que fora de mim outro não existe."-Is 45,5) Com a vitória de Ciro sobre Nabucodonosor, a Pérsia dominou a Babilônia e o vencedor devolveu a liberdade aos cativos de Israel.
O profesta Isaías mostra ao povo que Javeh se serviu do braço de Ciro para resgatar o seu povo e retirá-lo da escravidão. Indiretamente, o profeta está proclamando que Javeh age não somente através dos seus eleitos, mas até por meio daqueles que nem O conhecem, ou seja, que a atuação de Javeh tem dimensões universais, o mundo todo é dEle. E mais ainda, afirma que desta vez, diferentemente da vez anterior, quando livrou o povo da escravidão do Egito, Javeh não se serviu de um israelita, como outrora se serviu de Moisés, mas agora agiu através de um pagão. Disso podemos também concluir que os fatos históricos são dispostos por Deus, dentro do seu plano de salvação, para produzirem um efeito segundo a Sua vontade. Isso foi, pela primeira vez, intuído por Santo Agostinho, no seu livro Cidade de Deus - Cidade dos Homens, criando a teologia da história.
No evangelho (Mateus 22,15) lemos hoje a célebre disputa entre JC e os fariseus, acerca da obrigatoriedade do pagamento do tributo legal. A resposta inteligente de JC (dar a Cesar o tributo, dar a Deus o coração) os deixou sem palavras, eles não esperavam isso.
Naquela ocasião, tal como acontecera com o povo de Israel na Babilônia, na época do profeta Isaías, no tempo de JC o povo judeu se encontrava outra vez 'escravo', agora dos romanos. Era novamente Javeh agindo através dos fatos históricos, para chamar a atenção do seu povo, que teimava em se desviar do caminho da promessa. A dominação romana não era uma 'escravidão' no sentido estrito da palavra, mas era uma situação de submissão política, que deixava os judeus incomodados. Mais do que a presença de um profeta, Javeh mandara seu próprio Filho para exortar o povo à prática dos compromissos assumidos com a Aliança feita aos Patriarcas. Mas o povo não entendeu isso e seus líderes terminaram por assassinar o Enviado. Vê-se aqui uma continuidade das parábolas lidas nos domingos precedentes.
E a dominação romana, mais duradoura do que a escravidão da Babilônia, continuou a castigar o povo judeu, chegando ao seu ponto culminante e mais terrível com a destruição de Jerusalém pelos exércitos de Tito, no ano 70 da nossa era. Os judeus não somente estavam cativos no seu próprio território, como tiveram os seus maiores símbolos religiosos destruídos pelo inimigo romano. E nem assim entenderam o que tinha acontecido.
Mas o novo povo de Deus, nação santa, raça escolhida, os não-judeus que aceitaram e seguiram a mensagem de JC tiveram seu momento de libertação pelas mãos de outro estrangeiro, desta vez, o imperador romano Constantino, que no ano 325 se converteu ao cristianismo e, com ele, todo o império romano passou a ser oficialmente cristão. Enquanto isso os judeus (com todo meu respeito aos que não concordarem com isso) continuam a esperar pelo seu libertador, fechando os olhos à mensagem de libertação trazida por JC, que foi acatada e seguida pelos "gentios" de outrora, com quem Javeh fez uma nova aliança no sangue de JC, de quem nós somos os herdeiros.
Meus amigos, aqui foram citados grandes fatos históricos, mas a ação de Javeh não se dá apenas nos fatos macro históricos, e sim nos fatos corriqueiros da nossa vida cotidiana. Basta estarmos atentos e sabermos interpretar o que nos ocorre no dia a dia, para percebermos a ação de Deus na nossa história pessoal também. Se soubermos interpretar teologicamente os fatos mais simples da nossa existência, poderemos enxergar com nitidez a presença de Deus agindo entre nós e seguindo na frente, indicando-nos o caminho. Tudo o que Deus quer de nós é fidelidade à promessa, ao batismo, ao espírito cristão. Aquela mesma fidelidade e confiança que Ele encontrou em Abraão, quando não titubeou em sacrificar o próprio filho; aquela mesma fidelidade e confiança que JC encontrou no centurião romano quando disse: nunca vi tanta fé em Israel ("Senhor, não precisa ir à minha casa, basta uma palavra tua e meu filho será curado.") Que Ele nos ajude a segui-lo com fidelidade.
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