terça-feira, 24 de janeiro de 2012

26º Domingo Comum - 25.9.2011 - Arrependimento


Caros Confrades,

Nas leituras deste domingo, podemos destacar o tema do arrependimento eficaz. Ezequiel exorta os judeus cativos na Babilônia a não praguejarem contra Javeh, como se Ele fosse a causa dos seus sofrimentos. Alerta o profeta: se o justo se desvia da justiça e pratica o mal, entra na rota do castigo. Não é Javeh quem vai castigá-lo, ele próprio causa a sua ruína. Por outro lado, o ímpio que se arrepende do mal que praticou e observa a justiça, será salvo.

É o que podemos chamar de arrependimento eficaz, isto é, não fica apenas naquele sentimento de culpa, mas se afasta do mau caminho e põe em prática a justiça. Esse pensamento está relacionado com aquela passagem conhecida do evangelho,quando JC diz que não basta dizer Senhor, Senhor... para entrar no reino do céu. Não basta lamentar o mal feito, é necessário afastar-se do mal e praticar o bem.

Na leitura do Evangelho de Mateus (21, 28), JC fala diretamente contra a hipocrisia dos fariseus, ao narrar a parábola dos dois filhos. O pai os mandou trabalhar na vinha. O primeiro disse: não vou; mas depois, arrependeu-se e foi. O segundo disse: eu vou; mas lá não pisou. Ora, é óbvio que somente o primeiro cumpriu a vontade do pai. Então,JC arremata contra os fariseus: é por isso que os publicanos e as prostitutas chegarão no céu antes de vocês. E eles nada entenderam, porque se consideravam puros e cumpridores dos seus deveres, ou seja, prometiam a Javeh que iam trabalhar na vinha, mas só da boca pra fora.

De outro lado, aquelas classes de pessoas que eles consideravam mais indignos do convívio divino, os publicanos e as prostitutas, esses JC disse que estão na frente deles (fariseus), porque embora tenham no primeiro momento, recusado o convite de Javeh, depois se arrependeram e aceitaram. Entra aí associado o pecado do orgulho dos fariseus, que se consideravam melhores do que as outras pessoas, só porque essas não cumpriam rigorosamente o que estava prescrito na lei.

Um tal comportamento é bastante comum da parte de alguns cristãos que, por irem à missa todos os domingos (não faltam um!), comungam todas as vezes, rezam o terço e praticam devoções, por causa disso se consideram melhores do que outras pessoas que, na visão deles, vivem no pecado. O cumprimento da lei apenas por aparências exteriores é o mesmo que não cumprir. É o caso do filho que disse ao pai: eu vou... e não foi. Sobre estes, JC já falava em outra passagem: esse povo me louva com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.

Sobre a leitura de Paulo a Filipenses (2, 1), repito aqui um comentário que já fiz noutra mensagem, acerca da tradução da CNBB usando a palavra usurpação: JC não fez do fato de ser igual a Deus uma usurpação. Eu não concordo com esta tradução, pra mim, a melhor palavra seria 'não se aproveitou disso', não tirou vantagem disso pra passar por cima dos sofrimentos, porque se ele tivesse feito isso, a nossa redenção teria sido uma farsa. O texto latino é "non rapinam arbitratus est', sendo 'rapinam' (rapina, do verbo rapio, roubar, de onde se origina a palavra larápio), mas ao meu ver, o que Paulo quis dizer foi: não se aproveitou daquela situação. Porém, é a minha modesta opinião, com todo respeito aos especialistas paulinos.

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