quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

28º Domingo Comum - 09.10.2011 - O banquete - O traje de festa


Caros Confrades,

A liturgia deste domingo segue o mesmo tema dos anteriores, mostrando as parábolas que JC falava aos fariseus e anciãos do povo, sempre chamando a atenção deles, que estavam cegos para a msg que Ele trouxe. Desta vez, o tema é o grande banquete, para o qual foram convidados os amigos do rei, no entanto, estes fizeram pouco do convite e inventaram as mais singelas desculpas para não comparecerem. Os empregados que o rei enviou para convidar foram destratados e maltratados.

Diferente da parábola da vinha,JC não fala que o rei mandou tb o próprio filho. Bem, a parábola é bastante conhecida e o seu desfecho também: o banquete foi preparado, mas os convidados não foram dignos. Então, vão chamar os pobres, os desocupados, os malandros, as prostitutas, todos aqueles que estão por aí à toa. Novamente, JC passa na cara dos fariseus que os estrangeiros estão sendo convidados para o reino porque eles (fariseus) desdenharam do convite, que a eles foi dirigido em primeiro lugar.

Esta imagem do banquete do evangelho de Mateus (22, 1) está em total sintonia com a primeira leitura de Isaías (25, 6), que também se refere a um grande banquete que será oferecido naquele monte, comemorando a libertação do povo. JC aproveita o tema de Isaías e conta outra história, embora com desfecho diferente. Mais uma vez, essa passagem mostra a predileção que JC tinha pelos textos de Isaías.

Há uma particularidade nessa leitura de Mateus, em 22, 11, quando ele emenda a história do banquete com a do convidado que está sem traje próprio para a festa (antigamente, a tradução era sem a veste nupcial). Eu me lembro que o Padre Uchoa, nosso professor de Bíblia, explicava isso dizendo tratar-se de uma contradição do autor sagrado, porque se o rei mandou chamar os que estavam pelas esquinas, pelos becos, pelas favelas, etc, como ia depois exigir que todos estivessem com traje de festa (ou com veste nupcial, como se dizia antes)? Era compreensível que fosse exigido o traje próprio daqueles convidados com antecedência, mas os que foram apanhados nas ruas e chamados, como exigir deles que estivessem com roupa de festa? Mas a explicação exegética para isso é que se trata de dois textos justapostos.

De fato, a parábola do banquete termina no versículo 22, 10: "e a sala do banquete ficou cheia". O trecho seguinte, iniciando no versiculo 11, é um acréscimo feito por Mateus e que não faz parte originalmente desta parábola. Como é que se sabe disso? Pela análise comparada dos evangelhos sinóticos. A mesma parábola é contada em Lucas 14, 15, e a história termina quando Lucas diz: "nenhum daqueles que foram convidados primeiro degustará a minha comida". E logo muda para outro assunto. Então, conclui-se que Mateus usou a mesma fonte de Lucas, mas acrescentou um pedaço de outro escrito que tem certa relação com a história do banquete, mas não foi dito naquela mesma ocasião por JC. Assim, fica explicada a contraditória atitude do rei que, ao mesmo tempo, convidou e desconvidou e ainda mandou açoitar o conviva que não usava o traje adequado.

Meus amigos, fazendo a ligação trans-histórica (ou será transistórica, de acordo com as novas regras?), o banquete continua sendo o Reino de Deus, mas os empregados que o rei mandou para chamar as pessoas que estavam nos becos e favelas somos nós, cristãos e missionários do Reino. Com isso, JC ensina que a nossa missão não se realiza plenamente dentro do templo, mas na comunidade, no dia a dia, no trabalho, nas relações sociais, em todo lugar onde nos encontrarmos, nós somos desafiados a testemunhar o Reino de Deus com nosso exemplo, com a nossa fé ativa, mais do que com nosso discurso, mais do que com uma cruz pendurada no pescoço. A messe é o mundo todo e os operários da messe, isto é, os messionários ou missionários, como queiram, somos nós. E ao fazermos isso, estaremos simbolicamente demonstrando que estamos com a veste nupcial, aquela que distingue e identifica os verdadeiros cristãos.

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